Cátedra de São Pedro

É com alegria que hoje, 22 de fevereiro, celebramos a festa da Cátedra de São Pedro.

Conhecemos, assim, um pouco mais da riqueza do significado da cátedra, do assento, da cadeira de São Pedro que se encontra na Itália, no Vaticano, na Basílica de São Pedro.

Embora a Sé Episcopal seja na Basílica de São João de Latrão, a catedral de todas as catedrais, a cátedra, com toda a sua riqueza, todo seu simbolismo, se encontra na Basílica de São Pedro.

Cátedra de São Pedro ou Cadeira de São Pedro (Cathedra Petri em latim) é uma relíquia, conservada na Basílica de São Pedro, em Roma, dentro de um compartimento de bronze, dourado, projetado e construído por Gian Lorenzo Bernini entre 1647 e 1653, que possui a forma de uma cadeira de espaldar alto.

A cadeira de um bispo ou outra autoridade religiosa, especialmente se dentro de uma catedral, é chamada cátedra (do latim cathedra) e esta concretamente é a que está na Basílica de São Pedro e que tem sido utilizada pelos papas como trono para o seu exercício de autoridade máxima e ex cathedra.

catedraAlguns historiadores afirmam que tal assento foi utilizado pelo próprio São Pedro, outros porém, afirmam que na realidade ela foi um presente de Carlos II da França ao Papa Adriano II em 875. O certo é que existe uma inscrição muito mais antiga, datada de 370, atribuída ao Papa São Dâmaso, falando de uma cadeira portátil dentro do Vaticano e que houve festas em sua honra anteriores a essa data.

Assim, da primitiva cadeira existiriam apenas uns pequenos pedaços que seriam encrostados nesta nova cadeira, igualmente de madeira, que encontra-se lacrada no tal compartimento de bronze de autoria de Gian Lorenzo Bernini.

Para se o compreender é preciso pensar que, naquela época, quando foi construído o compartimento que guarda a cátedra, estava-se em plena contra-reforma, em que foram construídos diversos outros relicários com a intenção de proteger as respectivas relíquias.

Podemos ver que, como em “O Êxtase de Santa Teresa”, este é uma fusão da arte Barroca, escultura e arquitetura ricamente policromada, manipulando efeitos de luz. Depois possui um painel com estofos padrão com um baixo-relevo de Cristo dando as chaves do céu a Pedro. Diversos anjos estão em torno do painel, em baixo há uma assento almofadado de bronze vazio: a relíquia da antiga cadeira está lá dentro.

Na Bíblia, em Mateus 16, 18-19, Jesus fala para Pedro: “Tu es Petrus et super hanc petram aedificabo Ecclesiam meam et portae inferi non praevalebunt adversum eam. Et tibi dabo claves regni cælorum et quodcumque ligaveris super terram erit ligatum in cælis et quodcumque solveris super terram erit solutum in cælis.” (“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus. E o que desligares na terra será desligado nos céus”), e esta frase está inscrita na cúpula em cima do relicário, sendo ambos vistos como símbolos da autoridade do Papa.

Logo, o fundador e o fundamento, Nosso Senhor Jesus Cristo, o Crucificado que ressuscitou, a Verdade encarnada, foi Ele mesmo quem escolheu São Pedro para ser o primeiro Papa da Igreja e o capacitou pelo Espírito Santo com o carisma chamado da infalibilidade. Esse carisma bebe da realidade da própria Igreja porque a Igreja é infalível, uma vez que a alma da Igreja é o Espírito Santo, Espírito da verdade.

Em matéria de fé e de moral a Igreja é infalível e o Papa, portando esse carisma da infalibilidade, ensina a verdade fundamentada na Sagrada Escritura, na Sagrada Tradição e a serviço como Pastor e Mestre.

De fato, o Papa está a serviço da Verdade, por isso, ao venerarmos e reconhecermos o valor da Cátedra de São Pedro, nós temos que olhar para esses fundamentos todos.

Não é autoritarismo, é autoridade que vem do Alto, é referência no mundo onde o relativismo está crescendo, onde muitos não sabem mais onde está a Verdade.

Nós olhamos para Cristo, para a Sagrada Escritura, e para São Pedro, para este Pastor e Mestre universal da Igreja, e então temos a segurança que Deus quer nos dar para alcançarmos e espalharmos a Salvação.

Por tudo isto, oramos com a Liturgia das Horas:

Concedei, ó Deus todo-poderoso, que nada possa nos abalar, pois edificastes a Vossa Igreja sobre aquela pedra que foi a profissão de fé do apóstolo Pedro. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Por fim, segue-se um belíssimo texto, de autoria do Papa São Leão Magno, acerca da firmeza da fé do apóstolo Pedro:

A Igreja de Cristo ergue-se na firmeza da fé do apóstolo Pedro

Dentre todos os homens do mundo, Pedro foi o único escolhido para estar à frente de todos os povos chamados à fé, de todos os apóstolos e de todos os padres da Igreja. Embora no povo de Deus haja muitos sacerdotes e pastores, na verdade, Pedro é o verdadeiro guia de todos aqueles que têm Cristo como chefe supremo. Deus dignou-se conceder a este homem, caríssimos filhos, uma grande e admirável participação no seu poder. E se ele quis que os outros chefes da Igreja tivessem com Pedro algo em comum, foi por intermédio do mesmo Pedro que isso lhes foi concedido.

A todos os apóstolos o Senhor pergunta qual a opinião que os homens têm a seu respeito; e a resposta de todos revela de modo unânime as hesitações da ignorância humana.

Mas, quando procura saber o pensamento dos discípulos, o primeiro a reconhecer o Senhor é o primeiro na dignidade apostólica. Tendo ele dito: Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo, Jesus lhe respondeu: Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu (Mt 16,16-17). Quer dizer, és feliz, porque o meu Pai te ensinou, e a opinião humana não te iludiu, mas a inspiração do céu te instruiu; não foi um ser humano que me revelou a ti, mas sim aquele de quem sou o Filho unigênito.

Por isso eu te digo, acrescentou, como o Pai te manifestou a minha divindade, também eu te revelo a tua dignidade: Tu és Pedro (Mt 16,18). Isto significa que eu sou a pedrainquebrantável, a pedra principal que de dois povos faço um só (cf. Ef 2,20.14), o fundamento sobre o qual ninguém pode colocar outro. Todavia, tu também és pedra, porque és solidário com a minha força. Desse modo, o poder, que me é próprio por prerrogativa pessoal, te será dado pela participação comigo.

E sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la (Mt 16,18). Sobre esta fortaleza, construirei um templo eterno. A minha Igreja destinada a elevar-se até ao céu deverá apoiar-se sobre a solidez da fé de Pedro.

O poder do inferno não impedirá esse testemunho, os grilhões da morte não o prenderão; porque essa palavra é palavra de vida. E assim como conduz aos céus os que a proclamam, também precipita no inferno os que a negam.

Por isso, foi dito a São Pedro: Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que desligares na terra, será desligado nos céus (Mt 16,19).

Na verdade, o direito de exercer esse poder passou também para os outros apóstolos, e odispositivo desse decreto atingiu todos os príncipes da Igreja. Mas não é sem razão que é confiado a um só o que é comunicado a todos. O poder é dado a Pedro de modo singular, porque a sua dignidade é superior à de todos os que governam a Igreja.

Dos Sermões de São Leão Magno, Papa (Sermo 4 de Natali ipsius, 2-3: PL 54, 149-151, séc. V)
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O Tempo Quaresmal

I. O TEMPO DE QUARESMA

1. Um tempo com características próprias.

A Quaresma, que se iniciou ontem, é o tempo que precede e dispõe à celebração da Páscoa. Tempo de escuta da Palavra de Deus e de conversão, de preparação e de memória do Batismo, de reconciliação com Deus e com os irmãos, de recurso mais freqüente às “armas da penitência cristã”: a oração, o jejum e a esmola (ver Mt 6,1-6.16-18).

De maneira semelhante como o antigo povo de Israel partiu durante quarenta anos pelo deserto para ingressar na terra prometida, a Igreja, o novo povo de Deus, prepara-se durante quarenta dias para celebrar a Páscoa do Senhor. Embora seja um tempo penitencial, não é um tempo triste e depressivo. Trata-se de um tempo especial de purificação e de renovação da vida cristã para poder participar com maior plenitude e gozo do mistério pascal do Senhor.

A Quaresma é um tempo privilegiado para intensificar o caminho da própria conversão. Este caminho supõe cooperar com a graça, para dar morte ao homem velho que atua em nós. Trata-se de romper com o pecado que habita em nossos corações, nos afastar de todo aquilo que nos separa do Plano de Deus, e por conseguinte, de nossa felicidade e realização pessoal.

A Quaresma é um dos quatro tempos fortes do ano litúrgico e isso deve ver-se refletido com intensidade em cada um dos detalhes de sua celebração. Quanto mais forem acentuadas suas particularidades, mais frutuosamente poderemos viver toda sua riqueza espiritual.

Portanto é preciso se esforçar, entre outras coisas:

– Para que se capte que neste tempo são distintos tanto o enfoque das leituras bíblicas (na Santa missa praticamente não há leitura contínua), como o dos textos eucológicos (próprios e determinados quase sempre de modo obrigatório para cada uma das celebrações).

– Para que os cantos, sejam totalmente distintos dos habituais e reflitam a espiritualidade penitencial, própria deste tempo.

– Por obter uma ambientação sóbria e austera que reflita o caráter de penitencia da Quaresma.

2. Sentido da Quaresma.

O primeiro que devemos dizer ao respeito é que a finalidade da Quaresma é ser um tempo de preparação à Páscoa. Por isso se está acostumado a definir à Quaresma, “como caminho para a Páscoa”. A Quaresma não é portanto um tempo fechado em si mesmo, ou um tempo “forte” ou importante em si mesmo.

É mas bem um tempo de preparação, e um tempo “forte”, assim que prepara para um tempo “mais forte” ainda, que é a Páscoa. O tempo de Quaresma como preparação à Páscoa se apóia em dois pilares: por uma parte, a contemplação da Páscoa de Jesus; e por outra parte, a participação pessoal na Páscoa do Senhor através da penitência e da celebração ou preparação dos sacramentos pascais –batismo, confirmação, reconciliação, eucaristia-, com os que incorporamos nossa vida à Páscoa do Senhor Jesus.

nos incorporar ao “mistério pascal” de Cristo supõe participar do mistério de sua morte e ressurreição. Não esqueçamos que o Batismo nos configura com a morte e ressurreição do Senhor. A Quaresma procura que essa dinâmica batismal (morte para a vida) seja vivida mais profundamente. trata-se então de morrer a nosso pecado para ressuscitar com Cristo à verdadeira vida: “Eu lhes asseguro que se o grão de trigo…morre dará fruto” (Jo 20,24).

A estes dois aspectos terá que acrescentar finalmente outro matiz mais eclesiástico: a Quaresma é tempo apropriado para cuidar a catequese e oração das crianças e jovens que se preparam à confirmação e à primeira comunhão; e para que toda a Igreja ore pela conversão dos pecadores.

3. Estruturas do tempo de Quaresma.

Para poder viver adequadamente a Quaresma é necessário esclarecer os diversos planos ou estruturas em que se move este tempo.

Em primeiro lugar, é preciso distinguir a “Quaresma dominical”, com seu dinamismo próprio e independente, da “Quaresma das feiras”.

A. A “Quaresma dominical”.

Nela se distinguem diversos blocos de leituras. Além disso o conjunto dos cinco primeiros domingos, que formam como uma unidade, contrapõem-se ao último domingo –Domingo de Ramos na Paixão do Senhor-, que forma mas bem um todo com as feiras da Semana Santa, e inclusive com o Tríduo Pascal.

B. A “Quaresma ferial”.

Cabe também assinalar nela dois blocos distintos:

– O das Feiras das quatro primeiras semanas, centradas sobre tudo na conversão e a penitência.

– E o das duas últimas semanas, no que, a ditos temas, sobrepõe-se, a contemplação da Paixão do Senhor, a qual se fará ainda mais intensa na Semana Santa.

Ao organizar, pois, as celebrações feriais, terá que distinguir estas duas etapas, sublinhando na primeira os aspectos de conversão (as orações, os prefácios, as preces e os cantos da missa ajudarão a isso).

E, a partir da segunda-feira da V Semana, mudando um pouco o matiz, quer dizer, centrando mais a atenção na cruz e na morte do Senhor (sobre tudo as orações da missa e o prefácio I da Paixão do Senhor, tomam este novo matiz).

No fundo, há aqui uma visão teologicamente muito interessante: a conversão pessoal, que consiste no passado do pecado à graça (santidade), incorpora-se com um “crescendo” cada vez mais intenso, à Páscoa do Senhor: é só na pessoa do Senhor Jesus, nossa cabeça, onde a Igreja, seu corpo místico, passa da morte à vida.

Digamos finalmente que seria muito bom sublinhar com maior intensidade as feiras da última semana de Quaresma –a Semana Santa- nas que a contemplação da cruz do Senhor se faz quase exclusivamente (Prefácio II da Paixão do Senhor). Para isso, seria muito conveniente que, nesta última semana ficassem alguns sinais extraordinários que recalcassem a importância destes últimos dias. Embora as rubricas assinalam alguns destes sinais, como por exemplo o fato que estes dias não se permite nenhuma celebração alheia (nem que se trate de solenidades); a estes sinais terá que somar alguns de mais fácil compreensão para os fiéis, para evidenciar assim o caráter de suma importância que têm estes dias: por exemplo o canto da aclamação do evangelho; a bênção solene diária ao final da missa (bênçãos solenes, formulário “Paixão do Senhor”); uso de vestimentas roxas mais vistosas, etc.

4. O lugar da celebração.

Deve-se procurar a maior austeridade possível, tanto para o altar, o presbitério, e outros lugares e elementos celebrativos. Unicamente se deve conservar o que for necessário para que o lugar seja acolhedor e ordenado. A austeridade dos elementos com que se apresenta nestes dias a igreja (o templo), contraposta à maneira festiva com que se celebrará a Páscoa e o tempo pascal, ajudará a captar o sentido de passagem” (páscoa = passagem) que têm as celebrações deste ciclo.

Durante a Quaresma há que suprimir as flores (as que podem ser substituídas por plantas ornamentais), os tapetes não necessários, a música instrumental, a não ser que seja de tudo imprescindível para um bom canto. Uma prática que em algumas Igrejas poderia ser expressiva é a de cobrir o altar, fora da celebração eucarística, com um pano de tecido roxo.

Finalmente é preciso lembrar que a mesma austeridade em flores e adornos deve também aplicar-se ao lugar da reserva eucarística e à bênção com o Santíssimo, pois deve haver uma grande coerência entre o culto que se dá ao Santíssimo e a celebração da missa. La mesma coerência deve manifestar-se entre a liturgia e as expressões da piedade popular. Assim, pois, tampouco cabem elementos festivos, durante os dias quaresmais e de Semana Santa, nem no altar da reserva nem na exposição do Santíssimo.

5. Solenidades, festas e memórias durante a Quaresma.

Outro ponto que deve cuidar-se é o das maneiras de celebrar as festas do Santoral durante a Quaresma. O fator fundamental consiste em procurar que a Quaresma não fique obscurecida por celebrações alheias à mesma. Precisamente para obter este fim, o Calendário romano procurou afastar deste tempo as celebrações dos Santos.

De fato durante todo o longo período quaresmal, só se celebram um máximo de quatro festividades (além de alguma solenidade ou festa dos calendários particulares): São Cirilo e São Metódio (14 de fevereiro); a Cátedra de São Pedro (22 de fevereiro); São José, casto esposo da Virgem Maria (19 de março) e a Anunciação do Senhor (25 de março). Em todo caso na maneira de celebrar estas festas não deverá dar a impressão de que se “interrompe a Quaresma”, mas sim terá que inscrever estas festas na espiritualidade e a dinâmica deste tempo litúrgico.

Com respeito à memória dos Santos, terá que recordar que durante a Quaresma todas elas são livres e se se celebrarem, deve-se fazer com ornamentos roxos, e do modo como indicam as normas litúrgicas.

II. AS LEITURAS BÍBLICAS DA QUARESMA.

1. Visão de conjunto.

Desde o primeiro momento é bom assinalar o fato de que neste tempo a temática dos diversos sistemas de leituras é muito mais variada que nos outros ciclos litúrgicos. Embora todos os lecionários deste tempo tenham uma cortina de fundo comum, a renovação da vida cristã pela conversão, esta temática se presente desde ópticas muito diversas, cada uma das quais tem seus matizes próprios e distintos. Se esta diversidade de enfoques se esquecer, se se unificar e reduz o conjunto a uma temática única, muitas das leituras litúrgicas passarão, virtualmente, desapercebidas; fenômeno este que infelizmente ocorre mais de uma vez.

Devemos, pois, sublinhar em primeiro lugar que a característica principal das leituras de Quaresma não estriba tanto na “novidade” de umas leituras que se vão descobrindo graças aos lecionários conciliares, quanto na abundância de linhas concomitantes que é preciso unir espiritualmente, de modo que cada uma delas contribua sua contribuição à renovação quaresmal de quem usa os citados lecionários.

A atitude fundamental frente às leituras quaresmais deve ser, sobre tudo, a de uma escuta repousada e penetrante que ajude a que o espírito se vá impregnando progressivamente dos critérios da fé, há vezes suficientemente conhecidos, mas não suficientemente interiorizados e feitos vida.

Não se trata de “meditações” mais ou menos intelectualizantes, como de uma contemplação “gozosa”do Plano de Deus sobre a pessoa humana e sua história, e de uma escuta atenta frente ao  chamado de Deus a uma conversão que nos leve a paz e à felicidade.

No conjunto dos Lecionários quaresmais emergem com facilidade algumas linhas de força nas que deve centrar a conversão quaresmal. Esta conversão esta muito longe de limitar-se a um mero melhoramento moral. É mas bem uma conversão radical a Cristo, o Homem novo, para existir nele (ver Col 2,7).

Está linhas de força são as seguintes:

A. A meditação na história da salvação: realizada Por Deus-Amor em favor da pessoa humana criada a sua imagem e semelhança. Devemos “nos converter” de uma vida egocêntrica, onde o ser humano vive encerrado em sua mentira existencial, a uma vida de comunhão com o Senhor, o Caminho, a Verdade e a Vida, que nos leva a Pai no Espírito Santo.

B. A vivência do mistério pascal como culminação desta história Santa: devemos “nos converter”da visão de um Deus comum a todo ser humano, à visão do Deus vivo e verdadeiro que se revelou plenamente em seu único Filho, Cristo Jesus e em sua vitória pascal presente nos sacramentos de sua Igreja: “Tanto amou Deus ao mundo que deu a seu Filho único, para que tudo o que  nele crer não pereça, mas sim tenha vida eterna” (Jo 3,16).

C. O combate espiritual, que exige a cooperação ativa com a graça em ordem a morrer ao homem velho e ao próprio pecado para dar passo à realidade do homem novo em Cristo. Em outras palavras, a luta pela santidade, exigência que recebemos no santo Batismo.

Estas três linhas devem propor-se todas em simultâneo. A primeira linha de força – a meditação da História da Salvação – temo-la principalmente nas leituras do Antigo Testamento dos domingos e nas leituras da Vigília Pascal. A segunda – a vivência do mistério pascal como culminação da história Santa -, nos evangelhos dos domingos III, IV e V (os sacramentais pascais) e, pelo menos em certa maneira, nos evangelhos feriais a partir da segunda-feira da semana IV (oposição de Jesus ao mal – “os judeus” – que termina com a vitória pascal de Jesus sobre a morte, mal supremo). A terceira linha –o combate espiritual, a vida em Cristo, a vida virtuosa e Santa- aparece particularmente nas leituras apostólicas dos domingos e no conjunto das leituras feriais da missa das três primeiras semanas.

Vale a pena sublinhar que as três linhas de força de que vamos falando se acham, com maior ou menor intensidade, ao alcance de todos os fiéis: dos que só participam da missa dominical aos que tomam parte além na eucaristia dos dias feriais. Com intensidades diversas mas com um conteúdo fundamentalmente idêntico, todos os fiéis bebem, através da liturgia quaresmal, em uma fonte que lhes convida à conversão sob todos seus aspectos.

2. Missas dominicais.

As leituras dominicais de Quaresma têm uma organização unitária, que terá que ter presente na pregação.

As leituras do Antigo Testamento seguem sua própria linha, que não tem uma relação direta com os evangelhos, como o resto do ano. Uma linha importante para compreender a História da Salvação.

Os Evangelhos seguem também uma temática organizada e própria.

E as leituras que se fazem em segundo lugar, as apostólicasestão pensadas como complementares das anteriores.

A. A primeira leitura tem neste tempo de Quaresma uma intenção clara: apresentar os grandes temas da História da Salvação,para preparar o grande acontecimento da Páscoa do Senhor:

– A criação e origem do mundo (primeiro domingo).

– Abraão, pai dos fiéis (segundo domingo).

– O Êxodo e Moisés (terceiro domingo).

– A história de Israel, centrada sobre tudo em Davi (quarto domingo).

– Os profetas e sua mensagem (quinto domingo).

– O Servo de Yahvé (domingo de Ramos).

Estas etapas se proclamam de modo mais direto no Ciclo A, em seus momentos culminantes.

No Ciclo B se centram sobre tudo no tema da Aliança (com o Noé, com o Abraão, com Israel, o exílio, o novo louvor anunciado por Jeremias).

No Ciclo C, as mesmas etapas se vêem mas bem do prisma do culto (oferendas de primícias, celebração da Páscoa, etc.).

No sexto domingo, ou domingo de Ramos na Paixão do Senhor, invariavelmente se proclama o canto do Servo de Yahvé, por Isaías.

Estas etapas representam uma volta à fonte: a história das atuações salvíficas de Deus, que preparam o acontecimento central: o mistério Pascal do Senhor Jesus. Na pregação terá que levar em conta esta progressão, para não perder de vista o caminho para a Páscoa.

B. A leitura Evangélica tem também sua coerência independente ao longo das seis semanas:

– primeiro domingo: o tema das tentações de Jesus no deserto, lidas em cada ciclo segundo seu evangelista; o tema dos quarenta dias, o tema do combate espiritual.

– segundo domingo: a Transfiguração, lida também em cada ciclo segundo o próprio evangelista; de novo o tema dos quarenta dias (Moisés, Elias, Cristo) e a preparação pascal; a luta e a tentação levam a vida.

– terceiro domingo, quarto e quinto: apresentação dos temas catequéticos da iniciação cristã: a água, a luz, a vida.

No Ciclo A: os grandes temas batismais de São João: a samaritana (água), o cego (luz), Lázaro (vida).

No Ciclo B: tema paralelos, também de São João: o Templo, a serpente e Jesus Servo.

No Ciclo C: temas de conversão e misericórdia: iniciação a outro Sacramento quaresmal-pascal: a Penitência.

Sexto domingoa Paixão de Jesus, cada ano segundo seu evangelista (reservando a Paixão de São João para a Sexta-feira Santa).

O pregador deve levar em conta esta unidade e ajudar a que a comunidade vá desentranhando os diversos aspectos de sua marcha para a Páscoa, não ficando, por exemplo no tema da tentação ou da penitência, mas sim entrando também aos temas batismais: Cristo e sua Páscoa são para nós a chave da água viva, da luz verdadeira e da nova vida.

C. A segunda leitura está pensada como complemento dos grandes temas da História da Salvação e da preparação evangélica à Páscoa. Temas espirituais, relativos ao processo de fé e conversão e a concretização moral dos temas quaresmais: a fé, a esperança, o amor, a vida espiritual, filhos da luz, etc.

3. Missas feriais.

Este grupo de leituras tem grande influencia na vida espiritual daqueles cristãos que acostumam a participar ativamente na eucaristia diária. É bom assinalar que o lecionário ferial de Quaresma foi construindo-se ao longo de vários séculos e antes da reforma conciliar sempre foi o mais rico de todo o ano litúrgico. A reforma litúrgica o respeitou por sua antiga tradição e riqueza. Ao haver-se construído com os séculos, sua temática é bastante variada e muito longínqua, portanto, pelo que é uma leitura contínua ou um plano concebido de conjunto, que são as formas às que nos tem acostumados os lecionários  saídos da reforma conciliar.

O atual lecionário ferial da missa divide a Quaresma em duas partes: por um lado, temos os dias que vão desde Quarta-feira de Cinzas até  sábado da III semana; e por outro, as feiras que discorrem desde segunda-feira de IV semana até o começo do Tríduo Pascal.

1. Na primeira parte da Quaresma (Quarta-feira de Cinzas até o sábado da III semana), as leituras vão apresentando, positivamente, as atitudes fundamentais do viver cristão e, negativamente, a reforma dos defeitos que obscurecem nosso seguimento de Jesus.

Nestas feiras, ambas as leituras revistam ter unidade temática bastante marcada, que insiste em temas como a conversão, o sentido do tempo quaresmal, o amor ao próximo, a oração, a intercessão da Igreja pelos pecadores, o exame de conscientiza, etc.

Nas origens da organização da Quaresma, só havia missa (além disso do Domingo), os dias quarta-feira e sexta-feira. Por este motivo o lecionário de Quaresma privilegia as leituras destes  dois dias com leituras de maior importância que as das restantes feiras. Tais leituras costumam ser relativas à paixão e à conversão.

2. Na segunda parte da Quaresma, (a partir da Segunda-feira da IV semana até o Tríduo Pascal), o lecionário muda de perspectiva: oferece-se uma leitura contínua do evangelho segundo São João, escolhendo sobre tudo os fragmentos nos que se propõe a oposição crescente entre  Jesus e os “judeus”.

Esta meditação do Senhor enfrentando-se com o mal, personalizado por São João nos “judeus”, está chamada a fortalecer a luta quaresmal não só em uma linha ascética, mas também principalmente no contexto da comunhão com Cristo, o único vencedor absoluto do mal.

Nestas feiras, as leituras não estão tão ligadas tematicamente uma em relação à outra, mas sim apresentam, de maneira independente, por um lado a figura do Servo do Senhor ou de outro personagem (Jeremias especialmente), que deve ser como imagem e profecia do Salvador crucificado; e, por outro, o desenvolvimento da trama que culminará na morte e vitória de Cristo.

Finalmente é bom indicar que a partir da segunda-feira da semana IV aparece um tema possivelmente não muito conhecido: o conjunto dinâmico que, partindo das “obras” e “palavras” do Senhor Jesus, chega até o acontecimento de sua “hora”. Para não poucos pode ser aconselhável fazer um esforço de meditação continuada nestes evangelhos em sua trama progressiva. Este tema pode resultar muito enriquecedor. Embora se conheçam às vezes os textos, poucas vezes se descoberto o significado dinâmico que une o conjunto destas leituras, conjunto que desemboca na “hora”de Jesus, quer dizer em sua glorificação através da morte que celebramos no Tríduo pascal.

III. NORMAS LITÚRGICAS.

1. Com respeito ao conjunto das celebrações.

Omite-se sempre o “Aleluia” em toda celebração.

Manda-se suprimir os adornos e flores da igreja, exceto o IV Domingo. (Domingo da alegria em nosso caminho para a Páscoa). Igualmente se suprime a música de instrumentos (exceto o IV Domingo), a não ser que sejam indispensáveis para acompanhar algum canto.

As mesmas expressões de austeridade em flores e música se terão no altar da reserva eucarística e nas celebrações extralitúrgicas, e nas manifestações de piedade popular.

2. Com respeito às celebrações da eucaristia.

Exceto nos domingos e nas solenidades e festas que têm prefácio próprio, cada dia se diz qualquer dos cinco prefácios de Quaresma.

Os domingos se omite o hino do “Glória”. Este hino,  diz-se apenas nas solenidades e festas.

Antes da proclamação do evangelho, tanto nas missas do domingo como nas solenidades, festas e feiras, o canto do “Aleluia” se substitui por alguma outra aclamação a Cristo. Contudo, para sublinhar melhor a distinção entre as feiras e os dias festivos, acreditam melhor omitir sempre este canto nos dias feriais. Inclusive nos domingos, é melhor omitir esta aclamação que recitá-la sem canto.

Os domingos não se pode celebrar nenhuma outra missa que não seja a do dia. Nas feiras, assinalada-las no Calendário Litúrgico com a letra (D), existe a possibilidade de celebrar alguma missa distinta da do dia. Se nas feiras quer fazer a memória de algum santo, se substitui a coleta ferial pela do santo. Outros elementos devem ser feriais (inclusive a oração sobre as ofertas e depois da comunhão).

IV. RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES.

1. Textos eucológicos.

A Quaresma é o tempo do ano que possui maior riqueza de textos eucológicos (conjunto de orações de um livro litúrgico ou de uma celebração). A missa não só tem própria a primeira oração de cada dia, mas também inclusive a oração sobre as ofertas e a oração depois da comunhão. Mas, além destes textos obrigatórios, sublinharíamos a importância de outros formulários que podem usar-se livremente:

A. O ato penitencial da missa.

Seria recomendável destacar, durante este tempo, esta parte da celebração. Poderiam, por exemplo, variar-se cada dia da semana as invocações (a nova edição do Missal Romano oferece para isso uma variedade de possibilidades), e cantar diariamente –não limitar-se a rezar- o “Senhor tenha piedade”. É uma maneira singela de sublinhar o caráter penitencial destes dias.

B. Oração dos fiéis.

Conviria empregar alguns formulários nos quais se atendesse o significado próprio deste tempo, e nos que se incluíram algumas solicite pelos pecadores, a teor do que se diz a respeito no Concílio Vaticano II (ver Sacrosanctum Concilium, N. 109). Do mesmo modo, e seguindo o pedido do Papa, podem-se incluir petições pela paz do mundo, pela família, pela defesa da vida, e pelas vocações.

C. Prefácios.

No ano A, todos os domingos têm um prefácio próprio que glosa o evangelho do dia. Nos anos B e C, têm prefácio próprio os domingos I e II e no domingo de Ramos. Os restantes domingos, usa-se um dos prefácios comuns de Quaresma. O mais apropriado para no domingo IV é o prefácio I, por suas alusões à Páscoa que se aproxima. Em troca o prefácio IV por suas alusões ao jejum, não é apropriado para no domingo.

Para as feiras há cinco prefácios. Todos estes prefácios terá que distribui-los de maneira que nenhum deles fique esquecido. Por seu caráter penitencial, o IV está especialmente indicado para as sextas-feiras.

C. 1 – O espírito da Quaresma em seus Prefácios.

A última edição de Missal Romano (1988), traz cinco Prefácios de Quaresma, destinados às quatro primeiras semanas deste tempo.

A semana V e VI, como se recorda, dispõem de dois Prefácios da Paixão do Senhor. Os cinco prefácios quaresmais são estes:

Prefácio I: Significação espiritual da Quaresma.

A usar-se sobre tudo no domingo, quando não assinalou prefácio próprio.

Este prefácio apresenta quatro linhas de força:

Em primeiro lugar define a atitude do cristão na quaresma: “desejar ano após ano a solenidade da páscoa”. Este prefácio apresenta a meta positiva do processo quaresmal e da vida cristã: participar de plenitude do mistério pascal do Senhor Jesus. O que desejamos e celebramos é o mistério de Cristo renovado em nossa vida: a Igreja, que se incorpora à Páscoa de seu Senhor.

Em segundo lugar a tarefa quaresmal se descreve com três pinceladas: nos libertar do pecado e nos purificar interiormente; nos dedicar com maior empenho ao louvor divino (vida de oração); e finalmente viver mais intensamente o amor fraterno (a caridade).

Em terceiro lugar sublinha que a meta última a que tende o processo quaresmal é “chegar a ser com plenitude filhos de Deus”,em Cristo, o Filho por excelência, em quem fomos enxertados pelo Batismo.

Finalmente, em quarto lugar, o prefácio sublinha que tudo é iniciativa divina, a que a pessoa humana deve corresponder segundo o máximo de suas possibilidades ou capacidades: “por Ele concede a seus filhos desejar, ano após ano…” A Palavra de Deus e os Sacramentos nos ajudam em nosso caminho para a santidade.

Prefácio II: A penitência espiritual.

A ser usado sobre tudo no domingo, quando não assinalou um prefácio próprio.

Este prefácio sublinha o sentido da penitência quaresmal. A Quaresma é apresentada como um tempo de graça (tempo de misericórdia), que Deus nos oferece para conseguir a purificação interior do espírito. nos ver livres do pecado, de nossos vícios e escravidões, reordenando adequadamente nossas potências e paixões, aprendendo a usar os bens materiais como médios e não como fins, compreendendo sua natureza perecível e portanto não nos apegando a eles desordenadamente. Este é o sentido da penitência quaresmal: mudança de mentalidade (metanóia), despojar do homem velho para revestir do homem novo.

Prefácio III: Os frutos das privações voluntárias.

A usar-se durante as feiras e os dias de abstinência e jejum.

Este prefácio concreta ainda mais esta “penitência” e assinala o por que da abstinência e o jejum. O jejum tem uma dupla finalidade: por uma parte mitigar nossos apetites desordenados, e por outra parte aliviar as necessidades do próximo com o fruto de nossa renúncia. Com isso damos graças a Deus e nos fazemos discípulos e instrumentos de seu amor.

Prefácio IV: Os frutos do jejum.

A usar-se durante as feiras e os dias de abstinência e jejum.

É o mais antigo dos prefácios quaresmais. limita-se a destacar o jejum como elemento central da Quaresma, nos apresentando o aspecto “ascético” deste tempo litúrgico.

Prefácio V: O caminho do êxodo quaresmal.

A usar-se durante as feiras deste tempo.

Este prefácio foi incorporado na última edição do Missal Romano  (1988). Tem um título dinâmico e sugestivo. Apresenta a Deus como Pai rico em misericórdia, quem toma a iniciativa de nossa salvação porque “pelo grande amor com que nos amou, estando mortos por causa de nossos delitos, vivificou-nos junto com Cristo –por graça fostes salvos- e com Ele nos ressuscitou e nos fez sentar nos céus em Cristo Jesus” (Ef 2,4-6). O prefácio apresenta o caminho da Igreja na Quaresma como um “novo êxodo”, onde a Igreja está chamada a fazer penitência e renovar sua vocação de povo da aliança nova e eterna, chamado a bendizer o nome de Deus, a escutar sua Palavra e a experimentar com gozo suas maravilhas.

Além destes cinco prefácios numerados, há outros vários, virtualmente para cada domingo, sobre tudo no Ciclo A.

Primeiro no domingo, centra-se nas tentações de Jesus no deserto.

Segundo no domingo, sobre a Transfiguração do Senhor.

Os terceiro, quarto e quinto domingos, têm  prefácios claramente batismais, respondendo às leituras evangélicas, que apresentam os grandes temas quaresmais da água (a samaritana), a luz (o cego de nascimento) e a vida (Lázaro).

Como já indicamos há outros dois prefácios de Paixão, para os últimos dias da Quaresma e Semana Santa.

São onze prefácios em total. Podemos tirar proveito deles para nossa pregação e nossa catequese. Neles estão as idéias-força do mistério de salvação que sucede em nosso caminho quaresmal-pascal.

D. Preces Eucarísticas.

Podem ser usadas duas preces eucarísticas sobre a reconciliação, sobre tudo  quarta-feira e sexta-feira, que são os dias mais penitenciais da Quaresma.

E. Introdução ao Pai Nosso.

Durante o tempo de Quaresma, pode ser sugestivo destacar na introdução ao Pai Nosso o pedido: “nos perdoe nossas ofensas”, ou “Livrai-nos do mal”.

F. Bênção Solene e Orações sobre o povo.

A nova edição do Missal Romano  (1988), incorporou uma bênção solene para este tempo, que na edição anterior do Missal não existia. Por isso será oportuno usá-la sobre tudo Na Quarta-feira de Cinza e os domingos de Quaresma.

Também se podem usar para os domingos as “orações sobre o povo” que traz o Missal Romano ao final do elenco das Bênçãos Solenes, e que são  as antigas bênçãos romanas. Para os domingos as mais aconselháveis são as dos números 4, 11, 18, 20 e 21. Não deve-se esquecer no domingo VI de Quaresma ou de Paixão tem bênção própria.

Se para as feiras quer empregar alguma das “orações sobre o povo”, as mais apropriadas são as dos números, 6, 10, 12, 15, 17 e 24. A 17 são muito apropriada para as sextas-feira.

2. Programa de cantos.

a) Canto de entrada da missa.

Este canto tem que dar a cor quaresmal ao conjunto da celebração eucarística. Deve ser penitencial ou, nos dias sexta-feira e nas duas últimas semanas, alusivos à cruz do Senhor. portanto terá que pôr muito cuidado em sua escolha.

b) Salmo responsorial.

Deve-se respeitar sempre na liturgia da Missa e não ser alegremente substituído por qualquer canto. Não nos cansaremos de dizer que o Salmo forma parte integral da Liturgia da Palavra; que é Palavra de Deus, e que a palavra divina nunca pode ser substituída pela palavra humana.

Na medida do possível se deve cantar. Mas se a assembléia não pode cantar a antífona própria do salmo da missa, podem-se procurar algumas antífonas aplicáveis a todas as missas, sempre e quanto estas antífonas respeitem o sentido do salmo.

Assim por exemplo se podem selecionar antífonas penitenciais, quando o salmo for penitencial (por exemplo, “Perdão, Senhor, Perdão”; ou “Sim me levantarei”); ou aclamações que aludam à paixão do Senhor, quando o salmo sugira a oração de Cristo na cruz (por exemplo “me Proteja meu Deus”).

Em caso que isto tampouco se possa fazer é preferível ler o salmo, e a assembléia responder com a antífona indicada, a cantar uma resposta que não tenha o mesmo sentido do salmo.

c) Aclamação antes do evangelho.

Podem fazer-se estas indicações:

– É melhor reservá-la unicamente para os dias mais solenes (domingos e três primeiras feiras de Semana Santa), e omiti-la nas feiras.

– Nunca a deve cantar um solista (não é um segundo salmo responsorial), mas sim a assembléia ou um coro. O melhor é que seja um canto vibrante e aclamação a Cristo que falará no santo evangelho.

d) Cantos de comunhão.

Deverão ser evitados os que tiverem um matiz penitencial, pois a comunhão é sempre um momento festivo. No momento de comungar não se trata de criar um ambiente quaresmal, mas sim acompanhar festivamente a procissão eucarística. Por isso é bom para este momento da Santa Missa escolher cantos alusivos ao convite eucarístico.

e) Preparação dos cantos da Vigília e do Tempo  pascal.

Terá que dedicar durante a Quaresma um tempo cada semana para ensaiar cantos pascais. Isto não se situa somente na linha de uma necessidade prática com vistas às festas e ao tempo litúrgico que se aproximam, mas sim além disso contribuirá a viver a Quaresma como um caminho para a páscoa, criando o desejo de desejar sua celebração.

Nesta linha, tem tanta importância os ensaios em si como a explicação de alguns textos cantados. Nestes ensaios quaresmais deveria procurar-se que o repertório pascal progredisse de ano em ano, e, assim, os cantos pascais superassem os dos outros ciclos, como a Páscoa supera em solenidade as outras festas.

Como cantos mais importantes poderiam ser:

Um “Aleluia” vibrante (e possivelmente novo) que, bem ensaiado desde o começo da Quaresma, poderia-o saber bem toda a assembléia.

Um “Glória” solene e extraordinário, que poderia estrear-se na Noite Santa de Páscoa e converter-se no “Glória” próprio da cinquentena, ou pelo menos da Oitava de Páscoa. É bom recordar que o “Glória” que se escolha deve recolher em sua totalidade o texto litúrgico do Missal Romano.

Aquele que cantará o “Pregão Pascal” na Vigília Pascal, deverá praticá-lo com a suficiente antecipação e nunca deixar seu ensaio para o último momento.

3. Preparação do círio pascal.

O círio pascal é talvez o sinal mais próprio e expressivo das celebrações pascais. Por isso, não é suficiente comprá-lo (seria imperdoável usar o círio de outros anos, pois a Páscoa é a renovação de tudo), mas sim é necessário ambientar sua futura presença, e, obter que os fiéis o desejem, pois o representa ao Senhor glorificado.

Por isso sugerimos que se organize o IV Domingo de Quaresma uma coleta entre os fiéis para adquiri-lo. O IV Domingo de Quaresma, é no domingo da alegria no caminho penitencial para a Páscoa, e nos convida a pensar na Páscoa como uma celebração já muito próxima.

Com isso resultaria mais verdadeira a expressão que se cantará no pregão pascal: “Em esta noite de graça, aceita, Pai santo, este sacrifício vespertino de louvor que a Santa Igreja te oferece por meio de seus ministros na solene oferenda deste círio”. É evidente que esta expressão perde todo seu sentido se se usar um círio que já foi, por dizê-lo assim, “devotado” anteriormente.

4. Oração, mortificação e caridade.

São as três grandes práticas quaresmais ou meios da penitência cristã (ver MT 6,1-6.16-18).

Acima de tudo, está a vida de oração, condição indispensável para o encontro com Deus. Na oração, o cristão ingressa no diálogo íntimo com o Senhor, deixa que a graça entre em seu coração e, a semelhança de Santa Maria, abre-se à oração do Espírito cooperando a ela com sua resposta livre e generosa (ver Lc 1,38). portanto devemos neste tempo animar a nossos fiéis a uma vida de oração mais intensa.

Para isso poderia ser aconselhável introduzir a reza de Alaúdes ou Vésperas, na forma que resulte mais adequada: os domingos ou nos dias de trabalho, como uma celebração independente ou unidos à Missa; convidar a nossos fiéis a formar algum grupo de oração que se reúna estavelmente sob nosso guia, uma vez por semana durante meia hora. Desta maneira além de rezar podemos lhes ensinar a fazer oração; incentivar a oração pela conversão dos pecadores, oração própria deste tempo; etc. Além disso, não se pode esquecer que a Quaresma é tempo propício para ler e meditar diariamente a Palavra de Deus.

Por isso seria muito bom oferecer a nossos fiéis a relação das leituras bíblicas da liturgia da Igreja de cada dia com a confiança de que sua meditação seja de grande ajuda para a conversão pessoal que nos exige este tempo litúrgico.

A mortificação e a renúncia, nas circunstâncias ordinárias de nossa vida, também constituem um meio concreto para viver o espírito da Quaresma. Não se trata tanto de criar ocasiões extraordinárias, mas sim mas bem oferecer aquelas circunstâncias cotidianas que nos são molestas; de aceitar com humildade, gozo e alegria, os distintos contratempos que nos apresenta o ritmo da vida diária, fazendo ocasião deles para nos unir à cruz do Senhor. Da mesma maneira, o renunciar a certas coisas legítimas ajuda a viver o desapego e o desprendimento. Inclusive o fruto dessas renúncias e desprendimentos o podemos traduzir em alguma esmola para os pobres. Dentro desta praxe quaresmal estão o jejum e a abstinência, dos que nos ocuparemos mais adiante em um parágrafo especial.

A caridade. De entre as distintas práticas quaresmais que nos propõe a Igreja, a vivência da caridade ocupa um lugar especial. Assim nos lembra São Leão Magno: “estes dias quaresmais nos convidam de maneira premente ao exercício da caridade; se desejamos chegar à Páscoa santificados em nosso ser, devemos pôr um interesse especialíssimo na aquisição desta virtude, que contém em si às demais e cobre multidão de pecados”. Esta vivência da caridade devemos viver a de maneira especial com aquele a quem temos mais perto, no ambiente concreto no que nos movemos. Desta maneira, vamos construindo no outro “o bem mais precioso e efetivo, que é o da coerência com a própria vocação cristã” (João Paulo II).

“Há maior felicidade em dar que em receber” (At 20,35). Segundo João Paulo II, o chamado a dar “não se trata de um simples chamado moral, nem de um mandato que chega ao homem de fora” mas sim “está radicado no mais fundo do coração humano: toda pessoa sente o desejo de ficar em contato com os outros, e se realiza plenamente quando se dá livremente a outros”. “Como não ver na Quaresma a ocasião propícia para fazer opções decididas de altruísmo e generosidade? Como médios para combater o desmedido apego ao dinheiro, este tempo propõe a prática eficaz do jejum e a esmola. Privar-se não só do supérfluo, mas também também de algo mais, para distribui-lo a quem vive em necessidade, contribui à negação de si mesmo, sem a qual não há autêntica praxe de vida cristã. Nutrindo-se com uma oração incessante, o batizado demonstra, além disso, a prioridade efetiva que Deus tem na própria vida”.

Por isso será oportuno discernir, conforme à realidade de nossas comunidades, que campanhas a favor dos pobres podem organizar durante a Quaresma, e como devemos animar a nossos fiéis à caridade pessoal.

A oração, a mortificação e a caridade, ajudam-nos a viver a conversão pascal: do fechamento do egoísmo (pecado), estas três práticas da quaresma nos ajuda a viver a dinâmica da abertura a Deus, a nós mesmos e a outros.

5. A abstinência e o jejum.

A prática do jejum, tão característica da antigüidade neste tempo litúrgico, é um “exercício” que libera voluntariamente das necessidades da vida terrena para redescobrir a necessidade da vida que vem do céu: “Não só de pão vive o homem, mas também de toda palavra que sai da boca de Deus” (MT 4,4; ver Dt 8,3; Lc 4,4; antífona de comunhão do I Domingo de Quaresma)

O que exigem a Abstinência e o Jejum?

A abstinência proíbe o uso de carnes, mas não de ovos, laticínios e qualquer condimento a base de gordura de animais. São dias de abstinência todas as sextas-feiras.

O jejum exige fazer uma só refeição durante o dia, mas não proíbe tomar um pouco de alimento pela manhã e de noite, atendo-se, no que respeita à qualidade e quantidade, aos costumes locais passados (Constituição Apostólica poenitemi, sobre doutrina e normas da penitência, III, 1,2). São dias de jejum e abstinência a Quarta-feira de Cinza e a Sexta-feira Santa.

Quem está chamados à abstinência e ao jejum?

À Abstinência de carne: os maiores de 14 anos.

Ao Jejum: os maiores de idade (18 anos) até os 59 anos.

Por que o Jejum? Fala-nos o Santo Padre:

“É necessário dar uma resposta profunda a esta pergunta, para que fique clara a relação entre o jejum e a conversão, isto é, a transformação espiritual que aproxima o homem a Deus.

“O abster-se da comida e a bebida tem como fim introduzir em à existência do homem não só o equilíbrio necessário, mas também também o desprendimento do que se poderia definir como “atitude consumista.

“Tal atitude veio a ser em nosso tempo uma das características da civilização ocidental. A atitude consumista! O homem, orientado para os bens materiais, muito freqüentemente abusa deles. A civilização se mede então segundo a quantidade e a qualidade das coisas que estão em condições de prover ao homem e não se mede com o metro adequado ao homem.

“Esta civilização de consumo ministra os bens materiais não só para que sirvam ao homem em ordem a desenvolver as atividades criativas e úteis, mas sim cada vez mais para satisfazer os sentidos, a excitação que se deriva deles, o prazer momentâneo, uma multiplicação de sensações cada vez maior.

“O homem de hoje deve jejuar, quer dizer, abster-se de muitos meios de consumo, de estímulos, de satisfação dos sentidos: jejuar significa abster-se de algo. O homem é ele mesmo solo quando consegue dizer-se a si mesmo: Não. Não é a renúncia pela renúncia: mas sim para o melhor e mais equilibrado desenvolvimento de si mesmo, para viver melhor os valores superiores, para o domínio de si mesmo”.

6. A Confissão.

A Quaresma é tempo penitencial por excelência e portanto se apresenta como tempo propício para impulsionar a pastoral este de sacramento conforme ao que nos pediu recentemente o Santo Pai e nosso Arcebispo Primaz, já que a confissão sacramental é a via ordinária para alcançar o perdão e a remissão dos pecados graves cometidos depois do Batismo.

Não terá que esquecer que nossos fiéis sabem, por uma larga tradição eclesiástica, que o tempo de Quaresma-Páscoa está em relação com o preceito da Igreja de confessar o próprios pecados graves, ao menos uma vez ao ano. Por tudo isso, terá que oferecer horários abundantes de confissões.

7. A Quaresma e a Piedade Popular.

A Quaresma é tempo propício para uma interação fecunda entre liturgia e piedade popular. Entre as devoções de piedade popular mais freqüentes durante a Quaresma, que podemos animar estão:

A Veneração a Cristo Crucificado.

No Tríduo pascal, na sexta-feira Santa, dedicado a celebrar a Paixão do Senhor, é o dia por excelência para a “Adoração da Santa Cruz”. Entretanto, a piedade popular deseja antecipar a veneração cultual da Cruz. De fato, ao longo de todo o tempo quaresmal, na sexta-feira, que por uma antiqüíssima tradição cristã é o dia comemorativo da Paixão de Cristo, os fiéis dirigem com gosto sua piedade para o mistério da Cruz.

Contemplando ao Salvador crucificado captam mais facilmente o significado da dor imensa e injusta que Jesus, o Santo, o Inocente, padeceu pela salvação do homem, e compreendem também o valor de seu amor solidário e a eficácia de seu sacrifício redentor.

Nas manifestações de devoção a Cristo crucificado, os elementos acostumados da piedade popular como cantos e orações, gestos como a ostensão e o beijo da cruz, a procissão e a bênção com a cruz, combinam-se de diversas maneiras, dando lugar a exercícios de piedade que às vezes resultam preciosos por seu conteúdo e por sua forma.

Não obstante, a piedade em relação à Cruz, com freqüência, tem necessidade de ser iluminada. deve-se mostrar aos fiéis a referência essencial da Cruz ao acontecimento da Ressurreição: a Cruz e o sepulcro vazio, a Morte e a Ressurreição de Cristo, são inseparáveis na narração evangélica e no intuito salvífico de Deus.

A Leitura da Paixão do Senhor.

Durante o tempo de Quaresma, o amor a Cristo crucificado deverá levar a comunidade cristã a preferir na quarta-feira e na sexta-feira, sobre tudo, para a leitura da Paixão do Senhor.

Esta leitura, de grande sentido doutrinal, atrai a atenção dos fiéis tanto pelo conteúdo como pela estrutura narrativa, e suscita neles sentimentos de autêntica piedade: arrependimento das culpas cometidas, porque os fiéis percebem que a Morte de Cristo aconteceu para remissão dos pecados de todo o gênero humano e também dos próprios; compaixão e solidariedade com o Inocente injustamente açoitado; gratidão pelo amor infinito que Jesus, o Irmão primogênito, demonstrou em sua Paixão para com todos os homens, seus irmãos; decisão de seguir os exemplos de mansidão, paciência, misericórdia, perdão das ofensas e abandono crédulo nas mãos do Pai, que Jesus deu de modo abundante e eficaz durante sua Paixão.

Via Sacra.

Entre os exercícios de piedade com os que os fiéis veneram a Paixão do Senhor, há poucos que sejam tão estimados como a Via Sacra. Através deste exercício de piedade os fiéis percorrem, participando com seu afeto, a última parte do caminho percorrido pelo Jesus durante sua vida terrena: do Monte das Oliveiras, onde no “horto chamado Getsemani” (Mc 14,32) o Senhor foi “presa da angústia” (Lc 22,44), até o Monte Calvário, onde foi crucificado entre dois malfeitores (ver Lc 23,33), ao jardim onde foi sepultado em um sepulcro novo, escavado na rocha (ver Jo 19,40-42).

Um testemunho do amor do povo cristão por este exercício de piedade são os inumeráveis Via Sacras  nas Igrejas, nos santuários, nos claustros e inclusive ao ar livre, no campo, ou na ascensão a uma colina, a qual as diversas estações lhe conferem uma fisionomia sugestiva. No exercício de piedade da Via Sacra confluem também diversas expressões características da espiritualidade cristã: a compreensão da vida como caminho ou peregrinação; como passo, através do mistério da Cruz, do exílio terreno à pátria celeste; o desejo de conformar-se profundamente com a Paixão de Cristo; as exigências do seguimento de Cristo, segundo a qual o discípulo deve caminhar atrás do Mestre, levando cada dia sua própria cruz (ver Lc 9,23) portanto devemos motivar sua oração nas quartas-feiras e/ou sexta-feira de quaresma.

8. A Virgem Maria na Quaresma.

No plano salvífico de Deus (ver Lc 2,34-35) estão associados Cristo crucificado e a Virgem dolorosa. Como Cristo é o “homem de dores” (Is 53,3), por meio do qual se agradou Deus em “reconciliar consigo todos os seres: os do céu e os da terra, fazendo a paz pelo sangue de sua cruz” (Col 1,20), assim Maria é a “mulher da dor”, que Deus quis associar a seu Filho, como mãe e partícipe de sua Paixão. Dos dias da infância de Cristo, toda a vida da Virgem, participando do rechaço de que era objeto seu Filho, transcorreu sob o sinal da espada (ver Lc 2,35).

Por isso a Quaresma é também tempo oportuno para crescer em nosso amor filial Àquela que ao pé da Cruz entregou a seu Filho, e se entregou Ela mesma com Ele, por nossa salvação. Este amor filial  podemos expressar durante a Quaresma impulsionando certas devoções marianas próprias deste tempo: “As sete dores de Santa Maria Virgem”; a devoção a “Nossa Senhora, a Virgem das Dores” (cuja memória litúrgico se pode celebrar na sexta-feira da V semana de Quaresma; e a reza do Santo Rosário, especialmente os mistérios de dor.

Também podemos impulsionar o culto da Virgem Maria através  de Missas da Bem-aventurada Virgem Maria, cujos formulários de Quaresma podem ser usados no sábado.

V. NORMAS LITÚRGICAS COMPLEMENTARES.

1. Quarta-feira de Cinza.

A bênção e imposição da cinza se faz depois do evangelho e da homilia. Com motivo deste rito penitencial, ao começar a missa deste dia se suprime o ato penitencial acostumado. Por isso, depois que o  celebrante beijou o altar, saúda o povo e, continuando, podem-se dizer as invocações, “Senhor tenha piedade”, (sem antepor outras frases, pois hoje não são o ato penitencial), e a oração coleta, e acontece com a liturgia da palavra.

Depois da homilia se faz a bênção e imposição da cinza; acabada esta, o celebrante  lava as mãos e  continua a celebração com a oração dos fiéis.

2. Domingo IV de Quaresma.

Por ser no domingo da alegria no caminho quaresmal para a Páscoadurante todo no domingo IV, dos I Vésperas que se celebram na sábado anterior, é conveniente pôr flores no altar e tocar música durante as celebrações. Desta maneira se sublinha a quão fiéis esta perto a grande festa da Páscoa e que o fruto de nosso esforço quaresmal, será ressuscitar com o Senhor à vida verdadeira.

3. Feiras da V Semana de Quaresma.

As feiras da V Semana de Quaresma –antiga semana de Paixão- têm umas pequenas características próprias: sem deixar de ser tempo de Quaresma, já tomam algo da cor própria de na próxima Semana Santa e com isso inauguram, em certa maneira, a preparação do Tríduo Pascal, nos levando a contemplação da glória da cruz de Jesus Cristo.

É conveniente não esquecer que na missa, diz-se todos os dias o prefácio I da Paixão do Senhor.

Fonte: ACI Digital

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A prática quaresmal do Jejum

Um dos pilares da Quaresma, além da oração e da caridade,  é a prática do jejum. Mas, você sabe o que é o jejum? Sabe como jejuar?

O jejum é a abstinência total ou parcial de comida e bebida (com exceção da água).

Durante toda a Quaresma é proposto aos católicos a abstinência a fim de que estes possam experienciar os quarenta dias que Jesus jejuou no deserto. Durante esse período é proposto que se abstenham de comer ou fazer algo, e que o dinheiro que sobre dessa abstinência seja entregue a boas causas. Nas Sextas-feiras da Quaresma é proposta a abstinência de carne, por esta ser um alimento mais pesado e tradicionalmente mais caro.

Na Sexta-Feira Santa e na Quarta-Feira de Cinzas é proposto o jejum desde o acordar até ao deitar.

Os Pastorinhos de Fátima faziam frequentemente jejum pela expiação dos pecados do mundo.

Práticas de Jejum

Todos podem fazer jejum. Sejam idosos ou estejam cansados ou doentes; sejam gestantes, mães que amamentam, jovens ou adultos. todos podem jejuar sem que isso lhe faça mal, mas, pelo contrário, lhes faça bem.

Muitas pessoas não jejuam porque não sabem fazê-lo. Imaginam que jejuar seja uma coisa muito difícil e dolorosa que elas não vão conseguir fazer.

Abordamos aqui o aspecto prático do jejum. Existem várias modalidades de jejum, trataremos, no entanto, somente de quatro tipos que poderão ser de grande proveito para você.

Jejum da Igreja

Assim é chamado o tipo de jejum prescrito para toda a Igreja e que, por isso, é extremamente simples, podendo ser feito por qualquer pessoa.

Alguém poderia pensar que esse seja um jejum relaxado ou que nem seja realmente jejum, porque ele é muito fácil. Mas não é bem assim.

Esse modo de jejuar vem da Tradição da Igreja e pode ser praticado por todos sem exceção, sendo esse o motivo porque é prescrito a toda a Igreja.

O básico desse tipo de jejum é que você tome o café da manhã normalmente e depois faça apenas uma refeição (almoçar ou jantar), a depender dos seus hábitos, de sua saúde e de seu trabalho. A outra refeição, a que você não vai fazer, será substituída por um lanche simples, de acordo com as suas necessidades.

Dessa maneira, por exemplo, se você escolher o almoço para fazer a refeição completa, no jantar faça um lanche que lhe dê condições de passar o resto da noite sem fome.

O conceito de jejum não exige que você passe fome. Em suas aparições em Medjurgorje, a própria Nossa Senhora o repetiu várias vezes. Jejuar é refrear a nossa gula e disciplinar o nosso comer.

O importante, e aí está a essência do jejum, é a disciplina, e é você não comer nada além dessas três refeições. O que interessa é cortar de vez o hábito de “beliscar”, de abrir a geladeira várias vezes ao dia para comer “uma coisinha”. Evitar completamente, nesse dia, as balas, os doces, os chocolates e os biscoitos. Deixar de lado os refrigerantes, as bebidas e os cafezinhos.

Para quem é indisciplinado – e muitos de nós o somos -, isso é um jejum, e dos “bravos”! Nesse tipo de jejum, não se passa fome. Mas como “a gente” se disciplina; como refreia a gula! E é esta a finalidade do jejum.

Qualquer pessoa pode fazer esse tipo de jejum, mesmo os doentes, porque água e remédios não quebram jejum. Se for necessário leite para tomar os remédios, o jejum não é quebrado, pois a disciplina fica mantida. Para o doente e para o idoso, disciplina mesmo talvez seja tomar os remédios e tomar corretamente.

Jejum a pão e água

Nesse segundo tipo de jejum, deve-se comer pão quando se tem fome e beber água quando se tem sede. Apenas isso e nada mais.

Não se trata de comer pão e beber água ao mesmo tempo. Pelo contrato: é preciso evitar isso. Nosso tipo de pão, quando comido com água, geralmente fermenta no estômago, provocando dor de cabeça.

É melhor ir comendo aos poucos durante todo o jejum. Você vai perceber que, nesse dia, o pão adquire um novo sabor. Também se deve beber água várias vezes no decorrer do dia. O organismo precisa de água. Por isso, tome água, mesmo que você não tenha sede.

O principal desse tipo de jejum é que você só coma pão e beba apenas água.

Jejum à base de líquidos

O terceiro tipo de jejum requer que você passe o dia sem comer nada, limitando-se a tomar líquidos. Ou seja, durante todo o seu dia de jejum, você se alimenta somente com líquidos. Essa é uma modalidade muito boa de jejum, que refreia a nossa gula e garante a nossa disciplina.

Tratando-se de líquidos, temos uma grande variedade de opções e de combinações possíveis; todas elas nos mantêm alimentados e bem dispostos sem a quebra do jejum.

É recomendável passar o dia tomando chá. Existem vários tipos de chá, podendo-se escolher. Desde que seja quente e com um pouco de açúcar ou mel, o chá alimenta e mantém o estômago aquecido, o que é muito bom. Quem não puder usar açúcar nem mel, pode usar adoçante ou tomar chá puro; fazendo assim estará se privando da glicose, que é alimentícia, mas conservará as vantagens do chá e do calor. Mas, se preferir, você poderá tomá-lo frio ou gelado, especialmente no verão.

Laranjada, limonada e sucos de fruta também são indicados para esse dia. O mesmo acontece com os sucos de legumes, como cenoura e beterraba, e de verduras. Veja bem: tome suco, não vitamina. Combinando-se frutas, legumes e verduras, as possibilidades aumentam bastante.

Os vários sucos, adoçados ou não com açúcar, mel ou adoçante, são sempre alimentícios, deixando o corpo leve para a oração e para as outras atividades intelectuais ou físicas.

Outra boa opção para esse tipo de jejum é a água de coco, que é completa, jé tendo tudo para nos manter hidratados e alimentados. Especialmente para quem tem a sorte de viver nos lugares onde há coqueiros, um jejum a base de água de coco é excelente. Não existe melhor hidratante.

Qualquer pessoa, mas em especial os idosos e os doentes, pode fazer um jejum muito saudavél à base de caldos. Tal como os sucos, os caldos também apresentam um grande variedade.

Observe, no entanto, que estou me referindo a caldos, e não a sopas e canjas, embora se possa fazer caldo de frango e até de carne. O que importa é que o caldo é líquido e tem como vantagens ser nutritivo e quente, além de conter sal.

Especialmente em dias frios, os caldos são uma ótima maneira de fazer jejum, pois com eles temos garantida a ingestão das calorias necessárias às nossas atividades, espirituais em particular.

O Jejum completo

Nesse quarto tipo de jejum, não se come coisa alguma e só se bebe água.

É recomendável que, antes de experimentar essa forma de jejum, você já tenha feito o jejum a pão e água e o jejum à base de líquidos, que podem servir de treino.

No jejum completo, é fundamental beber várias vezes ao dia. Não é bom fazer jejum a seco, isto é, sem tomar água, especialmente quando não se tem um bom treinamento.

Mas é possível fazer jejum sem ingerir mesmo água? Sim, como eu já disse, é possível. Porém só as pessoas bem experientes devem tentar fazê-lo.

É fundamental ter em mente que não estamos nos submetendo a um teste de resistência. Não precisamos provar nada a ninguém: nem a nós, nem ao Senhor. O objetivo do jejum é nos encontrar com Deus, favorecer a oração e nos disciplinar. Ele serve para nos abrir à Graça da contemplação, da intercessão a da Unção do Espírito Santo.

Como dissemos acima, nosso organismo precisa de água. Ele necessita estar bem hidratado para agir e reagir no campo espiritual. E como o nosso jejum se destina a combatentes que batalham por Deus na dimensão espiritual, tome água várias vezes ao dia quando praticar o jejum completo.

Quanto a hora de terminar o jejum, principalmente o jejum completo, Nossa Senhora de Medjugorje fala em encerrá-lo às quatro da tarde. Você pode terminá-lo às cinco, às seis ou às oito horas da noite. O importante é ser comedido e agir com sabedoria. Nossa intenção não é bancar os heróis.

Repito: não temos de provar nada a ninguém, nem a nós e nem mesmo ao Senhor. Jejuar não significa ir para no hospital!!!

Observações Finais

Um erro muito comum que as pessoas cometem consiste em fazer um dia de jejum sem tomar café da manhã. Agindo assim, elas na verdade começam a jejuar a partir da última refeição que fizeram, na véspera, e não pela manhã.

Essas pessoas mal-informadas acabam ficando com dor de cabeça, que em geral; começa bem cedo. Ora, dor de cabeça não é o objetivo do jejum. Além disso, trata-se de uma coisa que deixa a pessoa indisposta o resto do dia, que a torna irritadiça e sempre pronta a perder a paciência. E isso é totalmente oposto ao que se espera conseguir jejuando.

É bom que você tome tranqüilamente seu café da manhã, como se faz todos os dias, e, a partir daí, inicie o jejum. Agindo dessa maneira, você fica livre dos ácidos do estômago, da dor de cabeça, da irritabilidade e da indisposição. E isso custa muito pouco: basta tomar café da manhã como nos outros dias.

Se você não quer mesmo comer nada, ou é daqueles que não fazem uma refeição pela manhã, ao menos beba alguma coisa, de preferência quente. Isso vai fazer bem ao seu aparelho digestivo, preparando-o para o dia de jejum.

O jejum é uma riqueza que precisamos reconquistar. É uma forte expressão da comunidade que decidiu fazer uma conversão, começar uma vida nova.

Você provavelmente é uma das muitas pessoas que não conheciam o que acabei de apresentar e que por esse motivo não jejuava. Agora, com uma nova compreensão do jejum, comece a praticá-lo, pois isso seguramente trará benefícios a você e ao Corpo de Cristo.

Deus abençoe o seu jejum!

Texto adaptado do site da Com. Canção Nova

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Mais considerações sobre a Quaresma

O que é a Quaresma

A quaresma é o tempo litúrgico de conversão, que a Igreja marca para nos preparar para a grande festa da Páscoa. É tempo para nos arrepender dos nossos pecados e de mudar algo de nós para sermos melhores e poder viver mais próximos de Cristo.

A Quaresma dura em média 40 dias; começa na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo da Ressurreição.

Ao longo deste tempo, sobretudo na liturgia do domingo, fazemos um esfoço para recuperar o ritmo e estilo de verdadeiros fiéis que devemos viver como filhos de Deus.

A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa luto e penitência. É um tempo de reflexão, de penitência, de conversão espiritual; tempo e preparação para o mistério pascal.

Na Quaresma, Cristo nos convida a mudar de vida. A Igreja nos convida a viver a Quaresma como um caminho a Jesus Cristo, escutando a Palavra de Deus, orando, compartilhando com o próximo e praticando boas obras. Nos convida a viver uma série de atitudes cristãs que nos ajudam a parecer mais com Jesus Cristo, já que por ação do pecado, nos afastamos mais de Deus.

Por isso, a Quaresma é o tempo do perdão e da reconciliação fraterna. Cada dia, durante a vida, devemos retirar de nossos corações o ódio, o rancor, a inveja, os zelos que se opõem a nosso amor a Deus e aos irmãos. Na Quaresma, aprendemos a conhecer e apreciar a Cruz de Jesus. Com isto aprendemos também a tomar nossa cruz com alegria para alcançar a glória da ressurreição.

40 dias

A duração da Quaresma está baseada no símbolo do número quarenta na Bíblia. Nesta, é falada dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias e Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou o exílio dos judeus no Egito.

Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material, seguido de zeros significa o tempo de nossa vida na terra, seguido de provações e dificuldades.

A prática da Quaresma data do século IV, quando se dá a tendência a constituí-la em tempo de penitência e de renovação para toda a Igreja, com a prática do jejum e da abstinência. Conservada com bastante vigor, ao menos em um princípio, nas Igrejas do oriente, a prática penitencial da Quaresma tem sido cada vez mais abrandada no ocidente, mas deve-se observar um espírito penitencial e de conversão.

Quarta-feira de Cinzas

Com a imposição das cinzas, inicia-se uma estação espiritual particularmente relevante para todo cristão que quer se preparar dignamente para viver o Mistério Pascal, quer dizer, a Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor Jesus.

Este tempo vigoroso do Ano litúrgico se caracteriza pela mensagem bíblica que pode ser resumida em uma palavra: “metanoeiete”, que quer dizer “Convertei-vos”. Este imperativo é proposto à mente dos fiéis mediante o austero rito da imposição das cinzas, o qual, com as palavras “Convertei-vos e crede no Evangelho” e com a expressão “Lembra-te de que és pó e para o pó voltarás”, convida a todos a refletir sobre o dever da conversão, recordando a inexorável caducidade e efêmera fragilidade da vida humana, sujeita à morte.

A sugestiva cerimônia das cinzas eleva nossas mentes à realidade eterna que não passa jamais, a Deus; princípio e fim, alfa e ômega de nossa existência. A conversão não é, com efeito, nada mais que um voltar a Deus, valorizando as realidades terrenas sob a luz indefectível de sua verdade. Uma valorização que implica uma consciência cada vez mais diáfana do fato de que estamos de passagem neste fadigoso itinerário sobre a terra, e que nos impulsiona e estimula a trabalhar até o final, a fim de que o Reino de Deus se instaure dentro de nós e triunfe em sua justiça.

Sinônimo de “conversão”, é também a palavra “penitência”…

Penitência como mudança de mentalidade. Penitência como expressão de livre positivo esforço no seguimento de Cristo.

Tradição

Na Igreja primitiva, variava a duração da Quaresma, mas eventualmente começava seis semanas (42 dias) antes da Páscoa.

Isto só dava por resultado 36 dias de jejum (já que se excluem os domingos). No século VII foram acrescentados quatro dias antes do primeiro domingo da Quaresma estabelecendo os quarenta dias de jejum, para imitar o jejum de Cristo no deserto.

Era prática comum em Roma que os penitentes começassem sua penitênica pública no primeiro dia de Quaresma. Eles eram salpicados de cinzas, vestidos com saial e obrigados a manter-se longe até que se reoconciliassem com a Igreja na Quinta-feira Santa ou a Quinta-feira antes da Páscoa. Quando estas práticas caíram em desuso (do século VIII ao X) o início da temporada penitencial da Quaresma foi simbolizada colocando cinzas nas cabeças de toda a congregação.

Hoje em dia na Igreja, na Quarta-feira de Cinzas, o cristão recebe uma cruz na fronte com as cinzas obtidas da queima das palmas usadas no Domingo de Ramos do ano anterior. Esta tradição da Igreja ficou como um simples serviço em algumas Igrejas protestantes como a anglicana e a luterana. A Igreja Ortodoxa começa a quaresma a partir da segunda-feira anterior e não celebra a Quarta-feira de Cinzas.

Vivendo a Quaresma

Durante este tempo especial de purificação, contamos com uma série de meios concretos que a Igreja nos propõe e que nos ajudam a viver a dinâmica quaresmal.

Antes de tudo, a vida de oração, condição indispensável para o encontro com Deus. Na oração, se o cristão inicia um diálogo íntimo com o Senhor, deixa que a graça divina penetre em seu coração e, a semelhança de Santa Maria, se abra à ação do Espírito cooperando com ela com sua resposta livre e generosa (ver Lc. 1,38).

Como também devemos intensificar a escuta e a meditação atenta à Palavra de Deus, a assistência freqüente ao Sacramento da Reconciliação e a Eucaristia, e mesmo a prática do jejum, segundo as possibilidades de cada um.

A mortificação e a renúncia nas circunstâncias ordinárias de nossa vida também constituem um meio concreto para viver o espírito de Quaresma. Não se trata tanto de criar ocasiões extraordinárias, mas bem, de saber oferecer aquelas circunstâncias cotidianas que nos são incômodas, de aceitar com alegria os diferentes contratempos que nos apresenta o dia a dia. Da mesma maneira, o saber renunciar a certas coisas legítimas nos ajuda a viver o desapego e o desprendimento. Dentre as diversas práticas quaresmais que a Igreja nos propõe, a vivência da caridade ocupa um lugar especial. Assim nos recorda São Leão Magno: “estes dias de quaresma nos convidam de maneira apremiante ao exercício da caridade; se desejamos chegar à Pascoa santificados em nosso ser, devemos por um interesse especialíssimo na aquisição desta virtude, que contém em si as demais e cobre multidão de pecados”.

Esta vivência da caridade deve ser vivida de maneira especial com aqueles a quem temos mais próximos, no ambiente concreto em que nos movemos. Assim, vamos construindo no outro “o bem mais precioso e efetivo, que é o da coerência com a própria vocação cristã” (João Paulo II)

Como viver a Quaresma

1. Arrependendo-me de meus pecados e confessando-me.

Pensar em quê ofendi a Deus, Nosso Senhor, se me dói tê-lo ofendido, se estou realmente arrependido. Este é um bom momento do ano para realizar uma confissão preparada e de coração. Revise os mandamentos de Deus e da Igreja para poder fazer uma boa confissão. Sirva-se de um livro para estruturar sua confissão. Busque tempo para realizá-la.

2. Lutando para mudar:

Analise sua conduta para conhecer em quê esta falhando. Faça propósitos para cumprir dia a dia e revise à noite se os alcançou. Lembre-se de não colocar muitos propósitos porque será muito difícil cumpri-los todos . Deve-se subir as escadas de degrau em degrau, não se pode subir toda ela de uma só vez. Conheça qual é o seu defeito dominante e faça um plano para lutar contra ele. Teu plano deve ser realista, prático e concreto para poder cumpri-lo.

3. Fazendo sacrificios:

A palavra sacrifício vem do latim sacrum-facere, significa “fazer sagrado”. Então, fazer um sacrifício é fazer alguma coisa sagrada, quer dizer, oferecê-la por amor a Deus, porque o ama, coisas que dão trabalho. Por exemplo, ser amável com um vizinho com quem você não simpatiza ou ajudar alguém em seu trabalho. A cada um de nós há algo que nos custa fazer na vida de todos os dias. Se oferecemos isto a Deus por amor, estamo fazendo sacrifício.

4. Oração:

Aproveite estes dias para rezar, para conversar com Deus, para dizê-lo que o ama e que quer estar com Ele. Pode ser útil um bom livro de meditação para Quaresma. Você pode ler na Bíblia passagens relacionadas com a quaresma.

Orações da Quaresma

Oração de Quaresma

Pai nosso, que estais no Céu,
durante esta época de arrependimento,
tende misericórdia de nós.
Com nossa oração, nosso jejum e nossas boas obras,
transformai nosso egoísmo em generosidade.
Abri nossos corações à vossa Palavra,
curai nossas feridas do pecado,
ajudai-nos a fazer o  bem neste mundo.
Que transformemos a escuridão
e a dor em vida e alegria.
Concedei-nos estas coisas por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Amém.

Oração do Fiat

Santa Maria, ajuda-me a esforçar-me
segundo o máximo de minha capacidade
e o máximo das minhas possibilidades
para assim responder ao Plano de Deus
em todas as circunstâncias concretas da
minha vida.

Amém.

Para ser Melhor

Auxílio dos pecadores,
sempre disposta ao perdão
e a intercessão,
obtém-me as graças
que me sejam necessárias
para encaminhar retamente minha vida,
rejeitar energicamente o pecado,
fugir de suas ocasiões
e colocar os melhores meios
para purificar-me
segundo o desígnio divino
e assim encaminhar-me
em direção daquele que é
a própria Vida.

Amém.

Diante as Tentações

Mãe querida acolhe-me em teu regaço,
cobre-me com teu manto protetor
e, com esse doce carinho
que tens por teus filhos
afasta de mim
as ciladas do inimigo,
e intercede intensamente
para impedir que
suas astúcias me façam cair.
A ti me confio
e em tua intercessão espero.

Amém.

Para Viver o Perdão

Diante das dúvidas sobre ti
respondeste com o perdão.

Diante da perseguição
e das muitas murmurações
respondeste com o perdão.

Diante da insídia e da ímpia ofensa,
respondeste com o perdão.

Diante da infâmia da conspiração
contra o Justo,
respondeste com o perdão.

Diante da traição
e da dor que esta traz,
respondeste com o perdão.

Mãe de Misericórdia,
teu coração bondoso
transborda de clemência,
por isso te imploro que me obtenhas o perdão
pelos muitos males que fiz,
e também,
ó Mãe,
ensina-me a perdoar como Tu,
que, diante de tantos males
que te fizeram,
inclusive arrebatar do teu lado
teu divino Filho
sempre respondeste
com o mais magnânimo perdão.

Amém.

 

Fonte: ACI Digital

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O Terço da Quaresma

A Quaresma é um tempo de especial graça; é tempo favorável para nos convertermos.

Nós, como Igreja, nos preparamos para viver e celebrar o Mistério da Reconciliação, cada vez com um coração mais convertido. Este é o sentido: converter nosso coração ao Senhor.

Meditemos neste terço sobre alguns meios que a Igreja nos propõe para poder nos prepararmos adequadamente para a celebração dos mistérios centrais da nossa fé.

Pelo Sinal da Santa Cruz (+), livra-nos Deus (+), nosso Senhor, dos nossos inimigos (+).

Credo

Pai nosso…

3 Ave-Marias

Glória ao Pai…

PRIMEIRA MEDITAÇÃO: A iniciativa sempre é de Deus

Há dois meios que a Igreja nos propõe para este tempo litúrgico da Quaresma, que nos manifestam claramente que a iniciativa parte de Deus-Amor. Por um lado, nos propõe a ter uma escuta atenta e reverente da Palavra de Deus. Devemos ter durante esta Quaresma um constante contato com a Palavra Divina. Deus mesmo sai a nosso encontro e nos convida a nos preparar nutrindo-nos de sua própria Palavra. Esta leitura da Palavra de Deus, nos leva a uma oração mais intensa, e este é o segundo meio. Devemos nos nutrir da oração durante esta Quaresma, para não sucumbir e sair fortalecidos diante das tentações de Satanás. Esta oração deve mostrar nossa reconciliação com Deus que nos convida ao amor.

Pai nosso… 10 Ave-Marias

SEGUNDA MEDITAÇÃO: Cooperar com a graça de Deus

Outro meio que nos é proposto durante a Quaresma é receber os sacramentos da reconciliação e da Eucaristia. É necessário recorrer à misericórdia do Senhor. Para nos convertermos devemos deixar todo  pecado. Mas sozinhos não podemos. Confiemos no perdão que o Senhor nos oferece. Não há pecado que Ele não possa nos perdoar. E vamos também ao encontro do Filho de Santa Maria, realmente presente na Eucaristia. Ele mesmo se oferece por nós e se entrega no altar da reconciliação.

Pai nosso… 10 Ave-Marias

TERCEIRA MEDITAÇÃO: O jejum e a abstinência

Dois meios que nos ajudam a ir preparando melhor nosso coração. Devemos tomar consciência da bênção que o Senhor nos dá. Muitos não se dão contam da importância disto. Quantos de nós sabemos do jejum e abstinência de todas as sexta-feira de Quaresma, como preparação. E quantos de nós realmente o vivemos?

Muito  importante é também a mortificação e a renúncia em  algumas circunstâncias ordinárias de nossa vida, ocasiões para nos aproximarmos da luz do Senhor e conformarmos com Ele, purificando nossos corações.

Pai nosso… 10 Ave-Marias

QUARTA MEDITAÇÃO: Chamado à conversão

O Senhor nos convida a nos convertermos a Ele. Devemos chegar ao fundo de nós mesmos, pois se trata de morrer a todo o que é morte para ressuscitar a uma vida nova no Senhor.

Confiemos na misericórdia de Deus. Escutemos o que Ele mesmo nos diz na Escritura:

“E vos darei um coração novo, infundirei em vossos corações um espírito novo, tirarei de vossa carne o o coração de pedra e vos darei um coração de carne”.

Pai nosso… 10 Ave-Marias

QUINTA MEDITAÇÃO: Em companhia de Maria

E todo este caminho que empreendemos, o fazemos na companhia terna e amorosa de nossa Santa Mãe. Ela é guia segura em nosso peregrinar à plena configuração com seu Filho, o Senhor Jesus. É Ela quem com sua intercessão nos ajuda a trocar nosso coração de pedra por um coração de carne.

Acolhamos a sua intercessão e confiemos a ela nosso esforços para viver intensamente este tempo de conversão.

Pai nosso… 10 Ave-Marias

Convertamos nosso coração, trabalhemos por nossa própria reconciliação pessoal, sempre guiados pela mão amorosa de nossa Mãe.

Terminemos nossa oração rezando a SALVE RAINHA.

(+) Em nome Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Amém.

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Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós!

Hoje, dia 11 de fevereiro, a Igreja comemora a aparição de Nossa Senhora em Lourdes, na França, a uma pobre pastora chamada Bernadete.

Em Lourdes, uma cidade com população em torno de quatro mil habitantes, no dia 11 de fevereiro de 1858, Bernadete disse ter visto uma aparição de Nossa Senhora numa gruta denominada ”massabielle”, o que significa, no dialeto birgudão local – “pedra velha” ou “rocha velha” – junto à margem do rio Gave, aparição que de outra vez se lhe apresentou como sendo a “Imaculada Conceição”, segundo o seu relato.

Enquanto o assunto era submetido ao exame da hierarquia eclesiástica que se comportava com cética prudência, curas cientificamente inexplicáveis foram verificadas na gruta de “massabielle” . Em 25 de fevereiro de 1858, na presença de uma multidão, por ocasião de uma das suas visões, surgiu sob as mãos de Bernadete uma fonte que jorra água até os dias de hoje no volume de cinco mil litros por dia.

De acordo com o pároco da cidade, padre Dominique, que bem a conhecia, era impossível que Bernadete soubesse ou pudesse ter o conhecimento do que significava o dogma da “Imaculada Conceição”, então recentemente promulgado pelo Papa. Afirmou ter tido dezoito visões da Virgem Maria no mesmo local entre 11 de fevereiro e 16 de julho de 1858.

Afirmou e defendeu a autenticidade das aparições com um denodo e uma firmeza incomuns para uma adolescente da sua idade com o seu temperamento humilde e obediente, nível de instrução e nível sócio-econômico, contra a opinião geral de todos na localidade: sua família, o clero e autoridades públicas. Pelas autoridades civis foi submetida a métodos de interrogatórios, constrangimentos e intimidações que seriam inadmissíveis nos dias de hoje. Não obstante, nunca vacilou em afirmar com toda a convicção a autenticidade das aparições, o que fez até a sua morte.

Para fugir à curiosidade geral, Bernadete refugiou-se como “pensionista indigente” no hospital das Irmãs da Caridade de Nevers em Lourdes (1860). Ali recebe instrução e, em 1861, faz de próprio punho o primeiro relato escrito das aparições. No dia 18 de janeiro de 1862, Monsenhor Bertrand Sévère Laurence, Bispo de Tarbes, reconhece pública e oficialmente a realidade do fato das aparições. Em julho de 1866 Bernadette inicia o seu noviciado no convento de Saint-Gildard e, em 30 de outubro de 1867, faz a profissão de religiosa da Congregação das Irmãs da Caridade de Nevers.

Dedicou-se à enfermagem até ser imobilizada, em 1878, pela doença que lhe causou a morte. Uma imensa multidão assistiu ao seu funeral no dia 19 de abril de 1879 que foi necessário ser adiado por causa da grande afluência de gente, totalmente inesperada. Em 20 de agosto de 1908, Monsenhor Gauthey, bispo de Nevers, constitui um tribunal eclesiástico para investigar ‘o caso Bernadette Soubirous’ “.

Relato das aparições

1ª Aparição – 11 de fevereiro de 1858

Quinta Feira, um dia como outros. Era inverno; às 11 horas da manhã quando Bernadete observou que tinha acabado a lenha. Seu pai estava ainda deitado. Não tinha trabalho. Economizava as forças para outro dia. 0 tempo não era convidativo para sair de casa. Chuviscava e havia nevoeiro. Logo apanhou sua capa, chamou sua irmã Antonieta Peyret (companheira de Bernardette) e convidou Joana Abadie, uma moça robusta e forte, para acompanhá-las.

A mãe proibiu: “Bernadete, não”.

Ela pensava no frio que fazia e que poderia trazer conseqüências à asma de sua filha. Mas ela insistiu carinhosamente, dizendo-lhe que teria cuidado para não se molhar e que iria com o capuz branco e o chale. A mãe concordou.

Saem as três meninas no afã de cumprirem a tarefa, passam pela pradaria do Paraíso, a ponte do canal que movimenta o moinho Savy, entram na pradaria do senhor La Fitte e chegam na ponta de areia do rio Gave. À esquerda levanta-se uma rocha íngreme com uma gruta na base. É a chamada gruta Massabieille . Embora é chamada de gruta, na verdade ela é constituída de uma acentuada concavidade na rocha. A água do canal que movimenta os moinhos, banha-lhe o lado esquerdo e segue em direção ao Gave.

Joana passa para o outro lado do canal com o pequeno feixe de lenha na cabeça. Antonieta faz o mesmo, levando a lenha na mão. Como já do outro lado as duas se manifestaram dizendo que a água do canal estava muito gelada, Bernadette permaneceu ali, sem saber o que fazer, com receios de pisar na água fria, por causa da asma, lembrando-se das recomendações de sua mãe.

Enquanto as duas corriam pela praia do Gave a procura de lenha, ela depois de procurar sem êxito, um lugar melhor para atravessar, sentou-se na margem do canal, em frente à gruta, tirou uma das meias e preparava-se para tirar a meia do outro pé, quando de repente, ouviu um barulho, “como se fosse um sopro de vento”. Não vê nada.

Olhou para trás e observou que as folhas das árvores não se moviam.

Apareceu uma “luz suave” que iluminou profusamente todo aquele lugar sombrio e no meio dela, surge uma senhora maravilhosa, aparentando a idade de 16 a 18 anos, estava de pé, vestida de branco; o véu que cobria a cabeça descia até os pés; em redor da cintura tinha uma estreita faixa azul; no braço direito levava um terço; mantinha as mãos juntas e, nos pés, via-se duas rosas douradas.

Abre os braços num gesto de acolhimento, como quem convida à aproximar-se. Ela fica espantada. É como se tivesse medo, “não para fugir explica melhor, mas pela emoção do inusitado e adorável encontro”. Esfregou os olhos diversas vezes, para inteirar-se que não era um sonho e que realmente estava diante de uma visão encantadora, que lhe sorria afetuosamente.

Então, conta Bernadette:

– “Coloquei a mão no bolso e encontrei o terço. Queria fazer o Sinal da Cruz, mas não pude levar a mão até a cabeça. A mão caiu-me. 0 espanto apossou-se de mim mais fortemente, a minha mão tremia.

A visão fez o Sinal da Cruz. Então tentei a segunda vez. E então pude. Logo que fiz o Sinal da Cruz, a grande comoção que sentia desapareceu. Pus-me de joelhos e rezei o terço na presença dessa linda Senhora. A Visão fazia passar as contas do Seu Terço com os dedos, mas não mexia os lábios. Quando acabei o terço, ela fez um sinal para aproximar-me. Mas não ousei. Então desapareceu de repente”.

Depois do extraordinário acontecimento, Bernadete sentiu uma imensa felicidade que envolveu completamente a sua alma de uma deliciosa satisfação que lhe tirava todas as forças, para qualquer iniciativa.

Atravessou o canal sem dificuldades, as águas estavam ligeiramente “aquecidas”. Sentou-se numa das grandes pedras que se encontravam na entrada da gruta e permaneceu silenciosa e pensativa.

Voltam suas companheiras com uma boa provisão de lenha e começam a dançar e pular na entrada da gruta, para comemorar o êxito da missão.

Não gostando de vê-las assim, para distraí-las pergunta:

– “Não viram nada”?

– “E tu, que é que viste”?

Ela compreende o mistério que acabava de acontecer e sente que terá que guardar este segredo, e por isso muda de assunto:

– “Sois umas enganadoras. Vocês disseram que a água do canal estava fria, achei-a agradável, estava morna”.

Antonieta e Joana não a levaram a sério, porque quando atravessaram o canal, a água estava tão gelada, que do outro lado tiveram que esfregar os pés, fazendo massagem para aquecê-los.

Bernadette sentindo necessidade de falar, de contar aquela maravilhosa experiência, em duas palavras narra tudo a Antonieta. Mas a irmã não acredita e pensa que Bernadette está querendo incutir-lhe medo. Pega a lenha e também acelera o passo para casa.

Mas o caso dá para pensar, porque o acontecido é por demais singular.

Antonieta apesar de ter prometido, em casa, na primeira oportunidade, “bate com a língua nos dentes” e conta tudo à sua mãe. Luiza fica assustada “e quer saber toda história e muito direitinho”, por isso convoca a filha. Entre o susto e o medo, ela quase nada falou. Sua mãe a repreende por tal comportamento e o pai, que ainda estava deitado, acrescenta que não quer os olhares dos outros caçoando de ninguém da família.

À noite, na hora das orações, chorou muito, estava bastante comovida com tudo o que lhe havia acontecido. Sua mãe faz-lhe outras perguntas, mas ela nada respondeu.

Entretanto, no dia seguinte ela sente-se atraída a voltar à gruta. A mãe não lhe deixa e imperiosamente ordena: “Para o trabalho”. Ela obedece.

Na tarde de sábado, dia 13, decide ir confessar-se. Conta tudo ao padre Pomian, que silenciosamente ouviu o depoimento. Depois perguntou-lhe, se podia contar ao Abade Peyramale. Ela consentiu.

2ª Aparição – 14 de fevereiro

No domingo dia 14, depois da Missa, as suas colegas resolvem ir a sua casa, pedir consentimento para que ela voltasse à Massabieille pois desejavam ver também o que ela tinha visto. A mãe não permitiu. Todavia depois de muita insistência das meninas, mandou que conversassem com o pai, que estava tratando dos cavalos de João Maria Cazenave.

Com muito jeito conseguiram autorização para se ausentarem somente por um tempo de 15 minutos. E como tinham receios de ser alguma aparição maldosa, decidiram levar um frasco com água benta. Dividíram-se em dois grupos e foram para a gruta.

Ela chegando primeiro com o seu grupo, ajoelhou-se e começou a rezar o terço, enquanto as suas companheiras ficaram de pé ao seu lado.

Na segunda dezena sua face mudou. Seus olhos brilharam fortemente e ela falou para as colegas:

– “Hei-la! O terço está no braço… Ela olha para nos”.

As companheiras não viram nada. Rapidamente Bernadette apanha o frasco com água benta que estava nas mãos de Maria Hillo e asperge com vigor na direção do vulto, ao mesmo tempo em que o esconjurava:

– “Se vem da parte de Deus, fique, se não, pode ir embora”

Afirmou posteriormente:

– “Quanto mais eu a regava, mais Ela sorria e gastei todo o frasco”.

A seguir entrou em êxtase. Empalidece, não ouve mais o que as outras dizem.

As amigas assustadas observam as suas reações.

Suas companheiras acabaram por ficar preocupadas e por isso chamaram Nicolau, o moleiro do moinho de Savy, para retirá-la dali. Mas não foi fácil, porque parecia que ela tinha uma barra de ferro amarrada ao corpo, porque o seu peso aumentou consideravelmente; com muito esforço transportou-a nos braços pelo caminho, enquanto ela mantinha um sorriso nos lábios e os olhos fixos num ponto do Céu.

As meninas foram para as suas casas e as notícias chegaram até Lourdes.

Segunda-feira dia 15, foi um dia terrível porque além de sofrer críticas, suas colegas caçoaram dela.

Mas houve pessoas que se interessaram pelo caso da gruta como Madame de Millet. Decidida a conhecer a verdade, Madame de Millet conquistou Luiza, mãe de Bernadette, dando-lhe trabalho e convenceu-a deixar sua filha voltar à gruta, em sua companhia.

3ª Aparição – 18 de fevereiro de 1858

As 5 horas da manhã de quinta-feira dia 18, Madame de Millet em companhia de Antonieta Peyret encontraram-se com Bernadette, que ainda estava dormindo. Depois participaram da primeira Missa e desceram para a gruta. Antonieta levou consigo caneta e tinteiro do pai, e também papel, para a Visão escrever o seu nome.

Mal começaram a rezar o terço, a vidente murmurou:

– “Ela aí está”!

Terminado o terço, Antonieta entrega-lhe a caneta e o papel. Inocentemente Maria Bernarda leva aqueles instrumentos em direção à Aparição e lhe faz a solicitação combinada:

– “Quer ter a bondade de escrever o seu nome”? A Aparição aproximou-se dela, passando por uma fenda no nicho e da conversa de ambas, nunca se soube nada.

Mais tarde ela contou que, sorrindo, a Aparição lhe disse “que não era preciso escrever” e pediu-lhe que voltasse ali:

– “Quer ter a amabilidade de vir aqui durante 15 dias”?

Foi a primeira vez que ouviu a maravilhosa voz da DAMA, e consentiu imediatamente em voltar à gruta para encontrá-la.

Foi nesta mesma ocasião que a Visão lhe falou:

– “Não prometo tornar-te feliz neste mundo, mas no outro”.

No caminho de volta, pensativa Madame de Millet interrogou :

– “E se fosse a Santíssima Virgem Maria”?

As noticias espalharam-se. São formuladas as mais diversas hipóteses sobre o que vai acontecer durante a quinzena de Aparições. A expectativa é coletiva.

4ª Aparição – 19 de Fevereiro

A vidente ouviu um tumulto de vozes selvagens que parecia saírem da terra e que foram estourar como uma grande explosão, sobre o rio Gave. As vozes mostravam muita revolta e raiva (eram demônios). Um deles gritou mais forte: “Bernardette, salva-te! Vai embora daqui! Vai embora daqui!” A jovem, assustada, pediu ajuda à Aparição. A Virgem Maria logo se virou para aquela direção, fazendo um semblante ameaçador e tudo cessou imediatamente.

5ª Aparição – 20 de fevereiro

A Virgem Maria ensinou como fazer bem o sinal da Cruz. A partir deste momento, muitas testemunhas  disseram  que  Bernardette fazia sempre o sinal da Cruz de modo digno, respeitoso e cheio de fé!

Nossa Senhora ensinou pacientemente, palavra por palavra, uma oração só para Bernadette, que ela devia repetir todos os dias.

6ª Aparição – 21 de fevereiro

A vidente escreve: “A Senhora desviou durante um instante de mim o seu olhar, que alongou por cima da minha cabeça. Quando voltou a fixá-lo em mim, perguntei-lhe o que é que a entristecia e Ela respondeu-me:

A Virgem Maria disse:

– “Reza pelos pecadores pelo mundo tão revolto.”

Depois da Aparição do domingo, dia 21, o comissário Jacomet, levou-a para um minucioso interrogatório no qual certificou-se da simplicidade e da sinceridade da menina e ficou sabendo de outros detalhes da Aparição, apesar de intencionalmente querer confundi-la e forçá-la a não voltar à gruta.

Ela contou assim:

– “A dama usava um vestido branco, apertado na cintura por uma fita Azul, um véu branco na cabeça que descia até a altura do busto. 0 vestido era longo e cobria os pés, deixando aparecer só as extremidades, com uma rosa amarela em cada pé, da mesma cor da corrente do terço que trazia na mão direita. Olhava com suavidade e tinha os olhos completamente azuis”.

O interrogatório terminou quando populares conseguiram colocar o pai Francisco Soubirous na sala do Comissário para proteger a filha.

7ª Aparição – 23 de fevereiro

A Vidente, caminhando de joelhos e beijando o chão, vai do lugar onde se encontrava até à gruta. Nossa Senhora comunica-lhe um segredo que a ninguém podia revelar.

8ª Aparição – 24 de fevereiro

Na quarta-feira, dia 24, a quantidade de pessoas era maior e já ofereceu uma certa dificuldade para ela chegar ao seu local na entrada da gruta. Haviam cerca de 300 pessoas ávidas de presenciarem algum fato novo. Algumas eram curiosas, mas a maior parte estava postada respeitosamente, em contrita oração, na certeza de que estavam na presença da Mãe de Deus.

Terminada a reza do terço, Bernadete avançou dois passos, arrastando-se de joelhos e prostrando-se com a face na terra beija-a atendendo ao pedido da Aparição, num gesto de penitência. 0 povo não entendeu. Mas depois ela explicou que a Aparição tinha falado uma palavra nova.

A Santíssima Virgem disse estas palavras:

“Reza a Deus pelos pecadores!

Penitência! Penitência! Penitência!

Beija a terra em penitência pela conversão dos pecadores!”

9ª Aparição – 25 de fevereiro

No dia seguinte, a movimentação ao redor de Massabieille começou cedo. Desde as duas horas da manhã as pessoas procuravam localizarem-se nos melhoras lugares.

No momento em que Maria Bernarda chegou, havia mais de 350 pessoas.

Como de costume, rezou o terço em êxtase, depois entregou a Eléonore Pérard, que estava a seu lado, a vela acesa que sempre levou nos seus encontros com a Aparição, dando-lhe também seu capuz. A seguir, sobe de joelhos a pequena declividade até o fundo da gruta. De trecho em trecho faz uma parada e beija o chão. Bem em baixo do nicho, onde encontrava-se a Visão, para e conversam.

A Senhora disse-me:

“Vai beber à fonte e lavar-te nela”

A seguir arrasta-se de joelhos até o rio Gave. Lá, qualquer coisa a detém e ela volta, agora de pé, para o interior da gruta. Abaixa-se e arranha o chão com as mãos e depois cava, como se quisesse fazer um buraco. 0 orifício encheu-se de lama que ela recolhe e passa no rosto, tentou três vezes pegar água, na quarta vez conseguiu.

A Senhora também disse-me:

“Come daquela erva que ali está!”

E comi ervas de folhas cheias de amebinos que cresceram no fundo da gruta.

Terminada a Aparição, volta com o rosto todo lambuzado de barro, causando de certa forma, consternação ao público.

A todos que lhe perguntava explicou:

– “A dama mandou eu beber água na fonte e lavar-me nela. Não vendo água, fui ao Gave. Mas ela fez-me sinal com o dedo para ir debaixo da rocha. Depois de cavar, encontrei um pouco de água como se fosse lama, tão pouca que apenas pude tomar alguma na cova da mão. Três vezes a joguei fora, de tal modo estava suja. Na quarta vez pude. Depois recolhi e comi um pouco de ervas. Ela pediu-me que fizesse isto pelos pecadores”.

A tarde, algumas pessoas voltaram à gruta e entre elas Elèonore Pérard. Observaram o buraco que Bernadete cavou, estava uma poça de água lamacenta. No meio dela Eléonore espetou um pau. Apercebeu o ruído da água que corria. Algumas pessoas tentam bebê-la: a água jorra com mais força e vai ficando mais clara, à medida que cavam para recolhê-la.

Começam então a compreender a mensagem:

“Uma fonte de água que lavará a alma suja dos pecadores, dos que se arrependem de seus desacertos, daqueles que têm fé em Deus, produzindo o milagre da conversão e da cura dos males”.

A notícia espalhou-se. Todos querem beber da água da fonte que brotou no terreno árido do fundo da gruta. Outros a recolhem e levam para seus parentes necessitados. Muitos comentários surgiram e as noticias de curas ouve-se por todas as partes.

Neste mesmo dia é interrogada pelo Procurador Imperial, senhor Dutour, que a exemplo de Jacomet, tentou por todos os meios dissuadi-la a não voltar à gruta, dizendo que aquilo era ilusão . Tudo em vão, permaneceu tranqüila ao lado de sua mãe e até achou momentos para rir, quando o senhor Dutour mostrando-se nervoso, com a caneta na mão não achava o buraco do tinteiro.

Em face do interrogatório, Bernadette responsavelmente antes de tomar qualquer iniciativa foi ouvir a opinião de seus parentes sobre a proibição imposta pelo senhor Dutour de voltar à Massabieille. Sua tia Bernarda falou:

– “Eu no seu lugar ia”!

Sem dizer uma palavra, apanhou seu capuz e seguiu para a gruta. Lá encontravam-se mais de 600 pessoas. Foi rezado o terço e feito alguns exercícios de penitência, mas “Aquerò” como ela chamava a Aparição, não veio.

10ª Aparição – 27 de fevereiro

Nesta visita, a Virgem Imaculada tornou a mandar beijar o chão em penitência pelos pecadores.

11ª Aparição – 28 de Fevereiro

A Senhora sorriu e não respondeu quando a Vidente lhe perguntou o nome.

Mais de 1.150 pessoas presenciaram diversas práticas de penitência e a reza do terço em êxtase. É como dizia:

– “É por penitência, por mim primeiro, pelos outros depois”.

12ª Aparição – 1º de março

Na Aparição manda a Bernadette rezar o terço pelas suas contas e não pelas duma companheira, Paulina Sans, que lhe tinha pedido para usar as suas.

No dia seguinte, segunda-feira, 1º de março, a multidão foi calculada em 1.500 criaturas e viam-se pessoas de todas as classes. Para a curiosidade geral, desponta entre elas a batina preta do Padre Dêsirat. Ele não é de Lourdes e não sabe da proibição imposta ao clero pelo Abade Peyramale . Sua presença causa sensação e em poucos momentos vê-se na primeira fila, com sua miopia compensada por óculos de grossas lentes, numa posição bem próxima da vidente. A descrição que ele faz dos fatos diz tudo:

“O sorriso ultrapassa toda a expressão humana. 0 artista mais hábil, o ator mais consumado, nunca poderá reproduzir-lhe o encanto e a graça! Impossível imaginar. 0 que mais me tocou foi a alegria e a tristeza que se lhe desenhavam no rosto. Quando um destes fenômenos sucedia ao outro, era com a rapidez do relâmpago. No entanto nada de brusco: uma transição admirável.

Eu tinha observado a criança quando ela chegou e se dirigia à gruta. Tinha-a observado com escrupuloso cuidado. Que diferença entre o que ela era e o que eu vi no momento da Aparição! Respeito, silêncio, recolhimento por toda a parte. Ó, como era bom estar lá! Eu julgava-me no vestíbulo do Paraíso”.

Foi também neste mesmo dia, quando ocorreu a 12ª Aparição em que aconteceu o primeiro dos sete milagres escolhidos pelo Bispo e considerado realmente como “Obra de Deus”.

“Catarina Latapié, proveniente de uma queda de um carvalho, na qual subira para tirar bolotas para os porcos, teve o braço deslocado e dois dedos da mão direita dobrados e paralisados. 0 fato aconteceu em outubro de 1856 e o médico só conseguiu consertar o seu braço, mas os dedos não tiveram jeito. E isto a impedia de fazer o seu trabalho, não a deixava tricotar e nem fiar, estava sendo a sua ruína.

Apesar de encontrar-se grávida de 9 meses, saiu a pé de sua casa na noite do dia 28 de fevereiro, para Lourdes, distante 7 quilômetros, levando os seus dois filhos mais novos.

Assiste a Aparição do dia 1º de março e faz fervorosas preces a Deus por intercessão de Nossa Senhora, pedindo a sua cura. Terminada a aparição, sobe até o fundo da gruta e mergulha a mão na fonte que tinha formado, cujas águas deslizavam mansamente formando um pequeno regato que corria para o Gave.

Um estremecimento acompanhado de uma grande suavidade invadiu todo o seu ser. Ela sentiu de repente, voltar a flexibilidade aos seus dedos. Vibrou de alegria e chorou de satisfação. Emocionada iniciou os seus agradecimentos pela graça alcançada, quando súbitamente sente uma violenta dor nas entranhas, como prenúncio do próximo nascimento de mais um filho. Num gesto ligeiro e contrito, ajoelha-se e com as mãos postas suplica:

– “Virgem Santa, Vós que acabais de me curar, deixai-me chegar em casa”!

Levantou-se, pegou nas mãos de seus filhos e seguiu para sua casa em Loubajac. Assim que chegou, mal teve tempo de chamar a parteira, deu à luz um sadio garoto que recebeu o nome de João Batista e que mais tarde tornou-se sacerdote”.

13ª Aparição – 2 de março

Eram mais de 1.650 pessoas em Massabieille. Com maior dificuldade Bernadete chegou ao “seu local”.

Na Aparição a Senhora disse:

– “Vai dizer aos sacerdotes que tragam o povo aqui em procissão e me construam uma Capela”.

Por essa razão, mais tarde em companhia das tias Bernarda e Basília, foram encontrar-se com o Abade Peyramale, para levar-lhe a notícia.

O Senhor Abade era um homem severo, de caráter íntegro e muito exigente na observância do direito e da ordem. Já tinha ouvido os comentários sobre Bernadette e as Aparições na gruta, assim como as notícias de curas e os comentários maldosos do jornal local. Não se decidira sobre os fatos, mesmo porque não dispunha de elementos que lhe oferecesse condições de optar. Intimamente aceitava com simpatia a possibilidade da Aparição ser verídica, em face dos muitos comentários favoráveis. Mas na sua posição, não podia considerar comentários e nem indícios, era preciso haver alguma coisa sólida, que se mostrasse de modo concreto, para que pudesse apreciar os acontecimentos. E apesar de possuir um coração bondoso e paternal, o momento exigia que procedesse com cautela, até com rudeza, se fosse necessário, para deixar aparecer a verdade transparente.

– “És tu que vais à gruta”?

– “Sim, Senhor Abade”.

– “E dizes que vês a Santíssima Virgem”?

– “Eu não disse que era a Santíssima Virgem”.

– “Então quem é essa Senhora”?

– “Eu não sei”.

– “Ah, tu não sabes! Mentirosa! E no entanto esses que fazes correr atrás de ti dizem e o jornal imprime, que tu pretendes ver a Santíssima Virgem. Então o que é que tu vês”?

– “Qualquer coisa que parece uma Senhora”.

– “Ora essa! Uma Senhora! Uma procissão”!

Aborrecido olha para as duas tias que a acompanha e lembra-se que elas conceberam antes de se casarem, e desabafa:

– “Que desgraça ter uma família destas que faz a desordem na cidade! Desapareçam daqui imediatamente”!

As três saíram o mais depressa que puderam e imaginem o tamanho do “apuro”… Disse Bernadete:

– “Não me apanham mais a vir à casa do Senhor Abade” !

Mas, logo que caminharam alguns passos, lembrou-se que não tinha transmitido toda a mensagem ao Senhor Abade. Esquecera-se de falar na “Capela”. Quis voltar, mas as tias protestaram:

– “Não contes comigo! Tu põe-nos doentes”!

Depois de muito procurar, conseguiu que Dominiquette Cazenave a acompanhasse. Marcaram uma entrevista para às 19 horas. Estavam lá além do Abade Peyramale os Padres Péne, Serres e Pomian (o confessor dela). Transmite a segunda parte do recado:

– “Vai dizer aos sacerdotes para construírem aqui uma Capela”.

– “Uma Capela? Como para a procissão? Estás certa disso” ?

-”Sim, senhor Abade, estou certa”.

– “Ainda não sabes como ela se chama”?

– “Não , Senhor Abade”.

– “Pois bem, é preciso perguntar-lhe”.

Depois de responder mais algumas perguntas dos outros padres, despediu-se, e com sua acompanhante voltou para casa.

No dia seguinte mais de 3.000 pessoas a aguardavam na gruta. A multidão rezava ansiosa desde muito cedo. Mas a Visão não apareceu. E como nos dias 22 e 26 de fevereiro, regressou perturbada.

Todavia, neste mesmo dia, mais à tarde, voltou à gruta e desta vez encontrou-se com a Visão.

Ao regressar à cidade, foi conversar com Peyramale:

– “Senhor Abade, a Senhora sempre quer a Capela “.

– “Perguntaste-lhe o nome”?

_ “Sim, mas ela apenas sorriu”.

– “Troça valentemente de ti”. – Faz uma pausa e depois diz: – “Pois bem, se ela quer a Capela que diga o seu nome e faça florir a roseira da gruta. E então nós mandaremos construir uma Capela e não será muito pequena, será muito grande”.

14ª aparição – 3 de março

A Senhora não aparece à hora habitual, mas sim ao entradecer e deu explicação.

“Não me viste esta manhã porque havia pessoas que desejavam examinar o que fazias enquanto eu estava presente. Mas elas eram indignas. Tinham passado a noite na gruta, profanando-a.”

15ª Aparição – 4 de março

No segundo mistério do primeiro terço, Bernadette começa a ver Nossa Senhora. Acabou esse terço e rezou outros dois, refletindo ora alegria, ora tristeza.

Durante esta quinzena, Nossa Senhora comunicou à menina três segredos e uma oração com esta ordem:

“Proíbo-te de dizer isto, seja a quem for.”

Era aguardado com grande expectativa porque era o último da quinzena de aparições. A polícia pediu reforço policial de d’Argelès e de Saint Pé, cidades vizinhas de Lourdes, para ajudar na manutenção da ordem, no sentido de evitar qualquer excesso. A estimativa era para mais de 8.000 pessoas ao redor da gruta. Para que Bernadette, pudesse chegar ao local, fizeram uma passarela de madeira, que lhe facilitou o acesso. Ela veio acompanhada de sua prima Joana Véderè, que tinha 30 anos de idade e ficaram juntas perante a Aparição.

Ajoelharam e começaram a rezar o terço. Quando iniciavam a terceira Ave Maria da segunda dezena, entrou em êxtase.

A multidão com o olhar acompanhava tudo e apreciava a beleza do Sinal da Cruz que ela fazia.

O comissário Jacomet tirou o seu caderninho de Notas e escreveu “34″ sorrisos e “24″ saudações em direção a gruta.

Terminada a Aparição, apagou a vela e, indiferente a presença de toda aquela gente, tomou o caminho de sua casa.

Muitos ficaram desapontados e perplexos, porque esperavam algum milagre ou alguma revelação. Não aconteceu nada, visualmente. No ar ficaram muitas perguntas e uma grande expectativa: será que terminaram as Aparições?

Maria Bernarda foi encontrar-se, com o Senhor Abade e dar-lhe notícias do “encontro”.

– “Que te disse a Senhora”?

– “Perguntei-lhe o nome… Ela sorriu. Pedi-lhe para fazer florir a roseira, ela sorriu outra vez. Mas ainda quer a Capela”.

– “Tu tem dinheiro para fazer essa Capela”?

– “Não, Senhor Abade”.

– “Eu também não. Diz à Senhora que lhe dê”.

Peyramale estava desconsolado por não ter obtido nenhuma informação segura, sobre a Aparição. Ela também, mas sem poder fazer nada, voltou triste para casa.

No dia 18 de março é submetida a um severo interrogatório e declara:

– “Não penso ter curado quem quer que seja e de resto não fiz nada para isso. Não sei se voltarei à gruta”.

Mas independentemente das aparições continuarem ou não, a afluência era cada vez maior. Diariamente muitas pessoas iam lá para rezar, para recolher água da fonte ou para bebê-la. Todos acreditavam que quem esteve lá foi a Santíssima Virgem. As velas multiplicavam-se no dia 18 eram 10 ; no dia 19 havia 21 velas; já no dia 23, colocaram no nicho das aparições, uma imagem de gesso da Virgem Maria, doada por um senhor, Felix Maransin

Do dia 4 de março quando ocorreu a última aparição, ou seja a 15ª, até o dia 25 do mesmo mês, Bernadete procurava levar uma vida normal, ao lado de seus familiares no “cachot”. Mas foi impossível, porque era solicitada para interrogatórios, por visitantes que faziam filas intermináveis à porta de sua casa, querendo conversar, abraçá-la e pedir-lhe que tocasse com as mãos em objetos que levavam. Eram pessoas que buscavam graças e outras que vinham contar milagres alcançados pela bondade e o carinho intercessor de Nossa Senhora.

Não tinha mais sossego. Às vezes quase perdia a paciência:

– “Tragam-me todos ao mesmo tempo”.

De outras vezes, cansada, precisando de repouso. queria isolar-se:

– “Fechem a porta à chave”!

E jamais aceitou e não deixou que nenhum de seus familiares aceitassem gratificações em dinheiro ou presentes, por qualquer razão que fosse:

– “Isso queima-me! Por favor, não façam isso”!

Quando perguntavam-lhe se a Dama voltaria, simplesmente dizia que não sabia. Só podia afirmar que ELA queria sempre uma Capela e que os sacerdotes fossem em procissão à gruta.

16ª Aparição – 25 de março

Na manhã da festa da Anunciação a Revelação:

“Eu sou a Imaculada Conceição”.

No despertar daquele dia 25 de Março de 1858, Bernadette sentiu-se novamente  ”pressionada” para ir à gruta. Era uma força estranha que nascia em seu interior, que não sabia explicar. Mas era muito cedo e seus pais lhe aconselharam esperar o dia clarear. Às 5 horas da manhã já pôs-se a caminho. Depois de rezar o terço em êxtase, levantou-se e caminhou em direção à Aparição e conversaram:

– “Mademoiselle, quer ter a bondade de me dizer quem és, se faz o favor”?

“Aqueró” sorriu, não respondeu.

Ela insiste na solicitação, a segunda e a terceira vez, obtendo como respostas um sorriso carinhoso e modesto da Visão.

Mas Bernadette tinha a necessidade de saber o nome dela, precisava levar esta notícia ao Senhor Abade, porque caso contrário, ele não construiria a Capela. Por isso, com mais amor e decisão insistiu uma quarta vez suplicando que ela dissesse o seu nome.

Desta vez a Aparição não sorriu mais, ficou séria.

As mãos que estavam unidas afastaram-se estendendo sobre a terra e depois novamente juntas à altura do peito, levantou os olhos ao Céu em sinal de profunda humildade e obediência a Deus e disse:

 

– “EU SOU A IMACULADA CONCEIÇÃO”.

Dito isto, desapareceu.

Bernadette retornou a si e para não se esquecer das palavras, repetiu-as várias vezes em seguida, tropeçando nas letras que mal sabia pronunciar. Fugiu das perguntas de todos e correu para a casa do Senhor Abade Peyramale. Lá chegando, antes mesmo de cumprimentá-lo gritou:

– “Que soy era Immaculada Councepciou” (no seu dialeto patois de Lourdes)”‘Eu sou a Imaculada Conceição”.

0 Abade ficou perplexo. Não sabia se sorria ou ocultava o seu júbilo, procurando num último esforço, certificar-se do óbvio:

– “Pequena orgulhosa, tu és a Imaculada Conceição?!”

– “Não, não, não eu”.

Peyramale sente que está diante de uma grande revelação: “A Virgem é concebida sem pecado”.

Apesar de ter sido decretado em 8 de dezembro de 1854, o Dogma da Imaculada Conceição de Maria não era aceito por todos os católicos, principalmente por alguns teólogos que defendiam a universalidade da redenção e do Pecado Original. Isto é, atribuíam a Nossa Senhora o mesmo privilégio que teve João Batista, de ter a santificação antes do nascimento. Mas não aceitavam a imunidade do Pecado, isto é, não aceitavam que Maria Santíssima fosse preservada do Pecado Original, mesmo considerando a sua condição especial de Mãe do Redentor.

Por este motivo o Abade explodia intimamente de satisfação e se preocupava em saber da realidade. Pela santíssima vontade de Deus, a partir daquele momento Nossa Senhora deixava realçar com todo brilho, a sua grandeza notável e ilimitada, porque ELA própria confirmava que teve uma Conceição Imaculada. Por isso Peyramale se debatia:

– ‘Uma Senhora não pode usar esse nome! Tu enganaste sabes o que isso quer dizer’?

Maria Bernarda diz que não, abanando a cabeça.

– ‘Então como podes dizê-lo, se não compreendes o que é’?

– ‘Repeti todo o caminho’.

No silêncio que se seguiu, Peyramale ficou pensativo com um suave sorriso nos lábios. Bernadete interrompe o silêncio e diz:

– ‘Ela sempre quer a Capela’…

0 Abade no íntimo deve ter respondido que não só uma Capela, mas uma monumental Basílica. A partir daquele momento a dama estava dispensada de fazer qualquer milagre, de fazer florir a roseira selvagem da gruta. Era ela, a Mãe de Deus, a Nossa Querida Mãe que veio visitar-nos com o objetivo de revelar-nos um grande mistério divino e pedir penitência ao mundo, para que todos rezassem pela conversão dos pecadores e tivessem uma conduta responsável e digna. Peyramale estava emocionado. Tentava esconder sua alegria e por isso, para salvar as aparências, falou com ela:

– ‘Vai para casa, falaremos outro dia’.

Os dias passaram e o clero com muita alegria e vibração comemorou a revelação do grande mistério.

Dia 6 de abril Bernadette, sentiu-se novamente ‘pressionada’ para voltar à gruta. Aquela força estranha e agradável a impulsionava para Massabieille. Como já havia passado das 15 horas, foi encontrar-se com o Padre Pomian no confessionário. Algumas pessoas que a observava, se incumbiram de espalhar os boatos. A cidade ficou na expectativa de algum acontecimento.

17ª Aparição – 7 de abril

Nossa Senhora nada disse, mas verificou-se nesta aparição o chamado milagre da vela. A vela benta, que Bernadette segurava, escorregou-lhe pela mão atingindo-lhe os dedos.

– Meu Deus, ela queima-se! – gritam várias pessoas.

– “Deixem-na estar!” Ordena o Dr. Dozou.

Bernadette não se queimou.

No dia seguinte, quarta-feira da Páscoa, antes do sol nascer já encontrava-se na gruta, acompanhada inicialmente por uma centena de pessoas que logo aumentou para 1.000, quando iniciou a reza do terço.

Nas primeiras Ave-Marias da primeira dezena, entrou em êxtase. 0 Doutor Dozous, que vinha estudando o seu caso, surge no meio da multidão pedindo passagem, pois queria estar ao lado dela, para presenciar suas reações fisionômicas. E abrindo passagem entre o povo que contritamente rezava dizia:

– ‘Não venho como inimigo, mas em nome da ciência. Corri e não posso me expor às correntes de ar. Só eu posso verificar o fato religioso que aqui se dá, deixem-me prosseguir este estudo’.

Neste dia, ela utilizava uma grande vela que se apoiava no chão. Foi fornecida por uma pessoa que tinha alcançado uma graça. Com sua mão tentava proteger a chama da vela, da corrente de ar. Mas no transe em que se encontrava, não posicionou corretamente a mão esquerda em forma de concha sobre o pavio aceso, de modo que a chama da vela passava por entre os seus dedos.

– ‘Mas ela queima-se’ – gritaram da multidão.

– ‘Deixe estar’ – pediu Dozous.

Ele não acreditava naquilo que seus olhos viam, os sorrisos de Bernadete, os Sinais da Cruz, feitos com tanta graça , sua fisionomia séria em vários momentos compartilhando duma tristeza da Visão e a chama da vela que passava por entre seus dedos, sem queimá-los, sem provocar dores.

Terminado o êxtase, examinou as mãos da vidente e não encontrou o menor sinal de queimadura. Para testar a sua sensibilidade, acendeu a vela e sem que ela percebesse, aproximou a chama de sua mão. Ela gritou e protestou: ‘Está querendo me queimar’? Dozous, homem de atitudes extremas, viu crescer repentinamente em seu coração uma fé gigantesca. Da mesma forma que seu caráter explosivo o levava muitas vezes a defender suas convicções abertamente e com decisão, espalhou a novidade com disposição, convencido que estava diante do sobrenatural na gruta de Massabieille.

No ‘Café Francês’ que era o ponto de convergência para os ‘bate-papos’ também para os ‘mexericos’, Dozous proclamou com segurança e fartos argumentos, a existência do extraordinário em Lourdes. Em dado momento, ele assim expressou-se:

– ‘É um fato sobrenatural para mim, ver Bernadete ajoelhada diante da gruta, em êxtase, segurando uma vela acesa e cobrindo a chama com a mão esquerda, sem que pareça sentir a mínima impressão do contato com o fogo. Examinei-a. Não encontrei nem o mais ligeiro sinal de queimadura’ .

Mas continuava a existir também os descrentes, aqueles que não aceitavam os fatos e caçoavam dos freqüentadores da gruta. Eles atuaram sobre os administradores pedindo providências contra ‘aquilo’ que chamavam de ‘palhaçada’. 0 Prefeito resolveu proibir o acesso a gruta. Mandou retirar todos os objetos religiosos que tinham sido colocados lá.

Os pais e amigos de Bernadete, para evitar complicações, a enviaram para Cauterets, a titulo de tratar de sua asma. Contudo a sua ausência em nada influiu no fervor das almas piedosas, que se manifestavam claramente e todos os dias. Eram organizadas procissões, cânticos e orações com a maior participação possível. Por outro lado, alguns procuravam dotar a gruta de certo conforto, colocando na fonte de água um bacia com três torneiras, para facilitar a utilização. Pedreiros, carpinteiros e funileiros trabalhavam gratuitamente e com desprendimento, melhorando o acesso, colocando uma tábua furada para receber as velas, empregando os seus esforços com o objetivo de tornar a gruta um recanto aprazível de devoção mariana.

As autoridades vendo que não conseguiam nem acabar e nem diminuir a freqüência das visitas à gruta, decidem fechá-la. No dia 15 de junho o Prefeito mandou fazer uma barreira constituída por uma paliçada de madeira, que isolava a área da gruta.

O povo, no dia 17, destruiu a paliçada. As barreiras são reconstruídas no dia 18 e são demolidas pelo povo na noite do dia 27. Tornam a serem reconstruídas no dia 28 de junho, para novamente serem demolidas na noite do dia 4 de julho.

No dia 8 de Julho a Igreja intervêm oficialmente, pela primeira vez, pedindo tranqüilidade ao povo e respeito às autoridades.

No dia 10 foram levantadas as barricadas novamente. Bernadete mantinha-se distante eindiferente a toda esta movimentação. Nas oportunidades que surgiam, recomendava obediência e desaconselhava que arrebentassem a paliçada na gruta.

18ª Aparição – 16 de julho

Como é festa de Nossa Senhora do Carmo, a Vidente assiste à missa e comunga na igreja.

Ao entardecer sente que Deus a chama para a gruta, como das vezes anteriores, e lá chegou por um caminho que ninguém suspeitou. Foi em companhia de sua tia Lucilia, camuflada com um capuz emprestado; mas não pode aproximar-se devido à sebe, e aos soldados que, por malvada ordem do governo, cercam o recinto.

Junto à cerca de tábuas que isolava a gruta, encontrava -se um grupo de pessoas, que de joelhos e silenciosamente rezavam. Ela ajoelhou e acendeu sua vela. Duas congregadas marianas que a reconheceram, juntaram-se a ela e à sua tia, em silêncio. Apenas começara o terço, as suas mãos afastaram-se comovidas, numa saudação de alegria e surpresa. Nossa Senhora estava lá. A sua face iluminou-se e suas feições adquiriram uma indescritível formosura.

A menina contempla a Senhora, de além do rio e da sebe.

Terminada a reza do terço, pelo seu rosto podia-se ver estampada a felicidade que brotava de seu íntimo, a alegria de mais uma vez ter-se encontrado com a MÃE de DEUS. Ela não comentou nada. No caminho de regresso, apenas disse:

“Não via o rio, nem as tábuas – explicará ela mais tarde. Parecia-me que entre mim e a Senhora, não havia mais distância que das outras vezes. Só via a ELA. Nunca a vi tão bela”

Foi o último adeus da Senhora até ao céu.

Aconteceu como se fosse uma visita de despedida, Nossa Senhora sempre bondosa, cheia de carinho e atenção, desceu à terra mais esta vez, para o derradeiro adeus à sua amiga.

E Bernadete?

A figura de Bernadette Soubirous continua ainda hoje pouco conhecida. Ela é lembrada sempre no contexto das aparições, mas depois disso saiu de cena, praticamente desapareceu.

Foi para um convento, em Nevers, onde decidiu passar sua vida como irmã de caridade, até a morte. Desejava seguir o que Nossa Senhora lhe havia dito: rezar e fazer penitência pela conversão dos pecadores. Mesmo numa vida escondida, longe das multidões que acorriam a Lourdes, a vidente tinha grande fama de santidade.

Conta-se que, ainda em vida, realizava milagres. Trabalhou como enfermeira, até que sua tuberculose permitiu. Bernadette morreu em 16 de abril de 1879, aos 35 anos de idade.

Passados quase 150 anos da morte, seu corpo está perfeitamente intacto, ainda com sangue líquido nas veias, e pode ser visto na Capela do Convento de Nevers, repousando numa urna de cristal.

O Papa Pio XI declarou Bernadette “santa” em 8 de dezembro de 1933.”

Posição da Igreja

Em 18 de janeiro de 1862, Dom Laurence, bispo de Tarbes, deu a declaração solene: “Inspirados pela Comissão composta por sábios, doutores e experientes sacerdotes que questionaram a criança, estudaram os fatos, examinaram tudo e pesaram todas as provas. Chamamos também a ciência, e estamos convencidos de que as aparições são sobrenaturais e divinas, e que por conseqüência, o que Bernadette viu foi a Santíssima Virgem Maria. Nossas convicções são baseadas no depoimento de Bernadette, mas, sobretudo, sobre as coisas que têm acontecido, coisas que não podem ser outra coisa senão uma intervenção divina.”

A Igreja Católica celebra uma missa em honra de Nossa Senhora de Lourdes (memória facultativa), em muitos países, em 11 de fevereiro de cada ano – o aniversário da primeira aparição. Havia uma longa tradição de interpretar o Cântico dos Cânticos (4,7) – “Tu és toda formosa, meu amor, não há mancha em ti“, como uma alegoria à Imaculada Conceição e às aparições de Lourdes, isso até a reforma litúrgica na sequência do Concílio Vaticano II.

O Santuário

O Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, é uma área com várias igrejas e outras instituições construída em torno da Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, na cidade de Lourdes, França. Este terreno é propriedade administrada pela Igreja, e tem várias funções, incluindo atividades devocionais, escritórios e alojamentos para peregrinos doentes e seus ajudantes.

O Santuário inclui a Gruta, torneiras próximas que dispensam a água de Lourdes, e os escritórios do departamento médico de Lourdes, bem como várias igrejas e basílicas. Compreende uma área de 51 hectares, e inclui 22 lugares distintos de culto. Há seis línguas oficiais faladas no Santuário: Francês, Inglês, Italiano, Espanhol, Holandês e Alemão.

Oração à Nossa Senhora de Lourdes

Dóceis ao convite de vossa voz maternal, Ó Virgem Imaculada de Lourdes, acorremos a vossos pés junto da humilde gruta onde vos dignastes aparecer para indicar aos que se extraviam, o caminho da oração e da penitência, e para dispensar aos que sofrem, as graças e os prodígios da vossa soberana bondade. Recebei, Rainha compassiva, os louvores e as súplicas que os povos e as nações oprimidos pela amargura e pela angústia elevam confiantes a vós. Ó resplandecente visão do paraíso, expulsai dos espíritos – pela luz da fé – as trevas do erro. Ó místico rosário com o celeste perfume da esperança, aliviai as almas abatidas. Ó fonte inesgotável de água salutar com as ondas da divina caridade, reanimai os corações áridos. Fazei que todos nós, que somos vossos filhos por vós confortados em nossas penas, protegidos nos perigos, sustentados nas lutas, nos amemos uns aos outros e sirvamos tão bem ao vosso doce Jesus que mereçamos as alegrias eternas junto a vosso trono no céu. Amém. 

Oração composta pelo Papa Pio XII

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Homilia – XIV Domingo do Tempo Comum – Ano B

cristo

Homilia do D. Henrique Soares da Costa – XIV Domingo do Tempo Comum – Ano B

Ez 2, 2-5

Sl 122

2 Cor 12, 7-10

Mc 6, 1-6

O Evangelho deste Domingo apresenta-nos Jesus na sua Nazaré. Ali mesmo, na sua própria cidade, onde nascera e fora criado, os seus o rejeitam: “’Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?’ E ficaram escandalizados por causa dele”. Assim, cumpre-se mais uma vez a Escritura: “Veio para o que era seu e os seus não o receberam” (Jo 1, 11). E a falta de fé foi tão grande, a dureza de coração, tão intensa, a teimosia, tão pertinaz, que São Marcos afirma, de modo surpreendente: “Ali não pôde fazer milagre algum!”, tão grande era a falta de fé daquele povo.

Meus caros, pensemos bem na advertência que esta Palavra de Deus nos faz! O próprio Filho do Pai, em pessoa, esteve no meio do seu povo, conviveu com ele, falou-lhe, sorriu-lhe, abraçou-lhe e, no entanto, não foi reconhecido pelos seus. E por quê? Pela dureza de coração, pela insistência teimosa em esperar um messias de encomenda, sob medida, a seu bel prazer… Valia bem para Israel a censura da primeira leitura de hoje, na qual o Senhor Deus se dirige a seu servo: “Filho do homem, eu te envio aos israelitas, nação de rebeldes, que se afastaram de mim. A estes filhos de cabeça dura e coração de pedra, vou-te enviar, e tu lhes dirás: ‘Assim fala o Senhor Deus’. Quer escutem, quer não, ficarão sabendo que houve entre eles um profeta!” Que coisa tremenda, meus caros: houve entre os israelitas um profeta, e mais que um profeta: o Filho de Deus, o Eterno, o Filho amado… E Israel o rejeitou!

Mas, deixemos Israel. E nós? Acolhemos o Senhor que nos vem? Escutamos com fé sua Palavra, quando ele se dirige a nós na Escritura, aquecendo nosso coração? Acolhemo-lo na obediência da fé, quando ele se nos dirige pela boca da sua Igreja católica, ensinando-nos o caminho da vida? Acolhemo-lo, quando nos fala pela boca de seus profetas? Não tenhamos tanta certeza de que somos melhores que aqueles de Nazaré! Aliás, é bom que nos perguntemos: por que os nazarenos não foram capazes de reconhecer Jesus como Messias? Já lhes disse: porque o Senhor não era um messias do jeito que eles esperavam: um simples fazedor de milagres, um resolvedor de problemas… Jesus, pobre, manso, humilde, era também exigente e pedia do povo a conversão de coração. Mas, há também uma outra razão para os nazarenos rejeitarem Jesus: eles foram incapazes de ver além das aparências. De fato, enxergaram em Jesus somente o filho de José, aquele que correra e brincara nas suas praças, aquele ao qual eles haviam visto crescer. Assim, sem conseguir olhar com mais profundidade, empacaram na descrença. Mas, nós, conseguimos olhar com profundidade? Somos capazes de escutar na voz dos ministros de Cristo a própria voz do Senhor? Somos sábios o bastante para ouvir na voz da Igreja a voz de Cristo?

É exatamente pela tendência nossa, tremenda, de sermos surdos ao Senhor, que Jesus tanto sofreu e que Paulo se queixava das dificuldades do seu ministério. O Apóstolo fala de um anjo de Satanás que o esbofeteava. Que anjo era esse? Ele mesmo explica: suas “fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições e angústias sofridas por amor de Cristo”. O drama de Paulo é uma forte exortação aos pregadores do Evangelho e a todos os cristãos. Aos pregadores do Evangelho essa palavra do Apóstolo recorda que o anúncio será sempre numa situação de pobreza humana, de apertos e contradições. A evangelização, caríssimos, não é um trabalho de marketing televisivo como vemos algumas vezes nos “missionários” dos meios de comunicação. O Evangelho do Cristo crucificado e ressuscitado, é proclamado não somente pela palavra do pregador, mas também pela carne de sua vida. Como proclamar a Palavra sem sofrer por ela? Como anunciar o Crucificado que ressuscitou sem participar da sua cruz na esperança firme da sua ressurreição? O Evangelho não é uma teoria, não é um sistema filosófico. O Evangelho é Cristo Jesus encarnado na nossa vida, de modo que possamos dizer como São Paulo: “Eu trago no meu corpo as marcas de Jesus” (Gl 6, 17) Triste do pregador que pensar em anunciar Jesus conservando-se para si mesmo. Um diácono, um padre, um bispo, que quisessem se poupar, que separasse a pregação do seu modo de viver, que fosse pregador de ocasião, tornar-se-ia um falso profeta, transformar-se-ia em marketeiro do Evangelho, portanto, inútil e estéril. É toda a vida do pregador que deve ser envolvida na pregação: seu modo de viver, de agir, de vestir, de relacionar-se com os bens materiais, sua vida afetiva, seu modo de divertir-se, seu tipo de amizade… Tudo nele dever ser comprometido com o Senhor e para o Senhor!

Mas, essa palavra de São Paulo na liturgia de hoje vale também para cada cristão. Hoje, somos minoria. O mundo não-crente, secularizado zomba de nós e já não crê no anúncio de Cristo que lhe fazemos. Sentimos isso na pele! Pois bem, quando experimentarmos a frieza e a dura rejeição, quando em casa, no trabalho, nos círculos de amizades, formos ignorados ou ridicularizados por sermos de Cristo, recordemos do Evangelho de hoje, recordemo-nos dos sofrimentos dos apóstolos e retomemos a esperança: o caminho de Cristo é também o nosso; se sofrermos com ele, com ele reinaremo; se morrermos com ele, com ele viveremos (cf. 2 Tm 2, 11-12) Não tenhamos medo: nós somos as testemunhas, os profetas, os sinais de luz que Deus envia ao mundo de hoje! Sejamos fiéis: o Senhor está conosco, hoje e sempre. Amém.

Dom Henrique Soares da Costa, Bispo de Palmares/PE

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A Religião e a Juventude

Beato Pier Giorgio Frassati, jovem italiano, leigo, beatificado pelo Para João Paulo II em 20 de maio de 1990. Eis as palavras do Santo Padre, sobre este jovem, também chamado "o homem das oito bem-aventuranças": "Pier Giorgio é também um homem do nosso século, o homem moderno, o homem que amou muito.  É um mestre a ser seguido. (...) Nele o Evangelho se converte em solidariedade e acolhida, se faz busca da verdade e exigente compromisso em favor da justiça." Um jovem como tantos outros, que praticava esporte, gostava de teatro, artes, música... Mas que fazia de cada ato de sua vida um apostolado. Possuía,  enfim, esta viva religiosidade varonil!

Beato Pier Giorgio Frassati, jovem italiano, leigo, beatificado pelo Para João Paulo II em 20 de maio de 1990. Eis as palavras do Santo Padre, sobre este jovem, também chamado “o homem das oito bem-aventuranças”: “Pier Giorgio é também um homem do nosso século, o homem moderno, o homem que amou muito. É um mestre a ser seguido. (…) Nele o Evangelho se converte em solidariedade e acolhida, se faz busca da verdade e exigente compromisso em favor da justiça.” Um jovem como tantos outros, que praticava esporte, gostava de teatro, artes, música… Mas que fazia de cada ato de sua vida um apostolado. Possuía, enfim, esta viva religiosidade varonil!

Muitos jovens se afastam da vida religiosa ao verificarem o contraste entre a aparente religiosidade exterior de alguns companheiros e sua esterilidade espiritual. Outros, trazem à prática da religião demasiado sentimento e por seu sentimentalismo fazem com que a religiosidade seja mal interpretada pelas pessoas sérias. Religiosidade é o culto de Deus conjuntamente prestado pela razão, o coração e a vontade. O coração ou sentimento tem, pois, também seu papel, mas um elemento não deve demasiar-se em detrimento dos outros dois. Da religiosidade exageradamente sentimental pode-se dizer o que, infelizmente, alguns afirmam de toda a religiosidade: ela é própria só para o povo e as mulheres.

Como? A religião é boa somente para o povo e as mulheres? Para os cultos, inteligentes homens modernos não serve? — Certo que serve! A religiosidade bem compreendida, real, varonil, serve e sem contestação!

E quando será ela, real e varonil?

Podem alguns ter idéias de religião adulterada quanto o quiserem; não poderão negar que ela é um dos mais belos ornatos que constituem a verdadeira nobreza do homem.

Em nossos tempos, tentaram tirar à religião sua autenticidade, e substituí-la por diversas especulações científicas; em vão! Onde se atacou a religião, começou a decadência da virtude, da honestidade, do sentimento do dever, da consciência, do caráter — numa palavra, dos mais belos ideais da humanidade. Podemos buscar exemplos na história dos antigos gregos, dos romanos e outros povos. Ali, a vida dos próprios sábios, que procuravam tudo o que era bom e nobre, não se isentava de falhas, porque eles não conheciam a verdadeira religiosidade.

Mas, que é a verdadeira religiosidade?

Verdadeira religiosidade é a submissão da alma humana a Deus, nosso Criador e Supremo Fim. Esse “dobrar-se” nos dá forças contra nosso egoísmo, faz-nos independentes do mundo e de nossas inclinações desregradas. A religiosidade prodigaliza à alma tal ascendência sobre o mundo, que Kant a chamou com razão “Medicina universal”, pois nos torna capazes de suportar todas as penas.

Um grande general dizia: “Ser soldado é não comer quando se tem fome, não beber quando se tem sede, ajudar o companheiro ferido, quando a gente mesmo apenas consegue arrastar-se”.

Soldado de Cristo, no entanto, significa ser um jovem religioso; quer dizer, não cometer pecado, muito embora a tentação nos alicie; cumprir a todos os momentos o dever, por mais aborrecido que nos pareça; servir a Deus pelo heroico cumprimento de todas as obrigações da vida.

Se salvares alguém de um incêndio, ou retirares da água quem está a afogar-se, farás uma ação heroica. Contudo, em outras circunstâncias, terás o mesmo merecimento se recolheres um caco de vidro ou uma casca de laranja, para evitar que alguém corte o pé ou quebre uma perna. Ouvi contar que um jovem aventuroso sentara-se à margem do Danúbio, esperando que alguém caísse na água, para salvá-lo. Acho que ainda hoje lá está sentado e que envelheceu de tanto esperar. Entrementes ele perdeu mil ocasiões pequenas, que se teriam apresentado diariamente, para fazer algum bem. O valor duma boa ação não depende da dificuldade que apresentou, do tempo que durou, mas da prontidão, atenção, alegria e espírito de sacrifício com que foi realizada.

Meu ideal não é um jovem a quem errônea interpretação de religiosidade tira a alegria, o temperamento juvenil. Na realidade há desses “jovens piedosos”, que se retraem timidamente dos camaradas, não têm amizades e que consideram inconveniência e até pecado um bom humor tumultuoso, balbúrdia e chistes inocentes. São indubitavelmente jovens sinceros e dignos de respeito; mas julgam, ilusoriamente, que o sentimento religioso se restringe apenas a exterioridades.

O jovem deveras religioso nunca é excêntrico. Não fala muito de religião, mas vive segundo ela; com isso não quero dizer que dela se envergonhe. Entre bons companheiros, não procura ser a todo custo o mais valente; em companhia, porém, de camaradas levianos, não cede nem um ponto sequer de suas convicções.

Infelizmente, na alma de muitos moços, o sentimento religioso murmura apenas como um fio de água! Há por aí, lá longe, acima das nuvens, um bom velhinho, Deus, a quem devemos rezar, de vez em quando, ou porque dele queremos alguma coisa, ou porque o tememos; nisso consiste toda a sua religiosidade…

Santo Deus! Que esqueleto de religiosidade é essa, que pão seco em vez de alimento vivificante! O moço de fé profunda não representa a Deus muito acima das nuvens, uma vez que é incomensurável e ocupa o mundo inteiro, “pois, nele vivemos, nos movemos e somos”, e mesmo que o quiséssemos, Dele não poderíamos fugir.

Nem por sombra deveríamos fugir de Deus: Ele é o amor infinito que nos obriga a dobrar os joelhos; é a bondade inesgotável que atrai o coração do homem com força magnética.

Para o jovem verdadeiramente religioso, Nosso Senhor não é uma ideia oca, uma vida que se aprende onde nasceu, onde viveu, onde padeceu: Jesus é para ele uma realidade, cujo ser divino o grava em sua alma e nela se incorpora. Sem Ele a alma é uma gélida câmara frigorífica; no melhor dos casos, um jazigo mortuário, ornado de joias preciosas, sempre contudo um túmulo sem vida, sem calor, sem coração a pulsar.

Muitos jovens julgam religiosidade certo gosto de rezar e ir à igreja. São apenas formas exteriores de religião, aliás necessárias; mas se a religiosidade se resumir só nisso, corre o perigo de ser mera exterioridade.

Por verdadeira e varonil religiosidade, eu entendo muito mais. Entendo a ideia, que enche toda minha vida; o pensamento de que, em todo o meu ser cada pulsação do coração, a todo instante, com todos os meus pensamentos, sou humilde servo do Pai Onipotente, ao qual portanto gosto de rezar, cujas igrejas visito com alegria, mas a quem também quero servir a todas as horas, com todos os meus alentos. Para o jovem realmente religioso, rezar não é somente recitar o Pai Nosso, mas qualquer trabalho e o próprio recreio. Oração é sua refeição, seu estudo, o cumprimento de seus deveres, sua vida toda, porque quer com isso glorificar a Deus.

Vê, filho meu, isso é religiosidade varonil! Já refletiste desta maneira sobre o que quer dizer ser jovem religioso?

Que sabe de tudo isso o moço sem vibração de alma, para quem a religiosidade consiste em recitar sem atenção à noite, sua oração, e assistir à missa aos domingos porque está obrigado! Pobrezinho! Contenta-se com um fio de água, quando têm à mão torrentes copiosas de águas vivificantes.

Verdadeira religiosidade é alegria e consolação, estímulo e vibração na vida do homem.

Fonte: TOTH, Tihamér. A religião e a juventude. Taubaté, SP: Editora SCJ, 1951, p. 75-79.

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É tempo de homens novos!!!

15 Feb 2005 --- Man Praying with Cross in Hands --- Image by © Con Tanasiuk/Design Pics/CorbisEra noite quando me encontrei com Ele. Eu me apressei em dizer:

– Mestre, eu sei que você vem da parte de Deus, pois ninguém pode fazer os sinais que você faz, se Deus não estiver com ele.

A resposta de Jesus para mim foi misteriosa.

– Em verdade, digo a você: quem não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.

– Como um homem pode nascer, sendo já velho? – perguntei – Ele poderá entrar uma segunda vez no seio de sua mãe e nascer?

Ele, então, foi mais direto.

– Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne, o que nasceu do Espírito é espírito. Não se admire de eu ter dito: você deve nascer de novo (Jo 3, 1-7).

Talvez a minha primeira pergunta não deveria ter sido “Como”, e sim, “Por que eu preciso nascer de novo?” Bom, eu não sou lá essa perfeição toda, mas a minha vida está boa. Eu estudo, trabalho, gosto da minha família e dos meus amigos, faço minhas orações, uso cinto de segurança, não jogo lixo na rua, fiz doação na campanha dos desabrigados… Bom, eu gosto da minha vida. Por que mudar? Mas também para essa pergunta Ele já havia me dado a resposta: O que nasceu da carne é carne. E Ele, que me ama tanto e quer que eu chegue ao conhecimento da verdade, me faz lembrar que minha história está muito marcada por várias das chamadas obras da carne: “fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio, rixas, ciúmes, ira, discussões, discórdia, divisões, invejas, bebedeiras, orgias e coisas semelhantes” (Gl 5, 19-21). É, de fato, eu nasci da carne, porque o homem que eu sou hoje é resultado de muitas dessas experiências.

Muitas vezes é na noite de nossa história que temos um encontro pessoal com Jesus. Inclusive são muitas dessas experiências da noite que nos levam a Ele. Chamo de encontro pessoal porque Cristo não é o personagem de um livro antigo, uma figura ilustre da história. Não! Eu falo dele porque foi na minha história concreta que Ele se revelou; é a minha história que Ele está transformando em história da salvação. Se nascemos da carne, nascemos também do Espírito, porque, batizados na água e no Espírito, agora estamos em Cristo. E “se alguém está em Cristo é nova criatura. Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez realidade nova” (2 Cor 5, 17).

Respondido, então, o meu primeiro questionamento, eu passei, de fato, à minha pergunta:

Como nascer de novo?

E o Senhor foi mais claro ainda (vocês notaram que eu sou meio lento para entender):

– Deixe-se conduzir pelo Espírito e você não satisfará os desejos da carne (Gl 5, 16). O que há dentro de você é um germe de homem novo e o Espírito Santo, que o plantou aí, todos os dias vai ensinando a você a remover o seu modo de vida anterior – o homem velho, que se corrompe ao sabor das concupiscências enganosas – e a se renovar pela transformação espiritual da sua mente, revestindo você do homem novo, criado segundo Deus, na justiça e santidade da verdade (Ef 4, 22-24).

E Ele foi me explicando que, aos poucos, minhas verdades vão sendo encaradas com um novo olhar, uma mentalidade nova vai sendo moldada, à medida em que eu me aprofundar no conhecimento da Palavra de Deus, participar ativamente da Igreja, dedicar-me à oração, construir amizades com pessoas que também busquem a Deus com sinceridade. Para resumir, o convite constante que o Espírito me fará é de ofertar a Deus, sem temor, a minha vida e a minha história cheia de marcas, para que Cristo faça novas todas as coisas (Ap 21, 5).

Com o coração cheio de alegria, já estava indo embora quando o Mestre acrescentou:
O vento sopra onde quer e ouves o seu ruído, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito (Jo 3, 8).

Eu não consegui segurar o sorriso largo, imaginando a aventura grande que Ele estava reservando para mim. Eu não sei para onde serei levado, mas sigo caminhando.

Quando percebi, já não era mais noite; o dia já estava amanhecendo.

Autor: Robério Nery – http://www.homemcatolico.com.br/

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Meu Senhor e Meu Deus!

300px-Caravaggio_-_The_Incredulity_of_Saint_ThomasTomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio (Jo 20, 24). Era o único discípulo que estava ausente. Ao voltar, ouviu o que acontecera, mas negou-se a acreditar. Veio de novo o Senhor, e mostrou seu lado ao discípulo incrédulo para que o pudesse apalpar; mostrou-lhe as mãos e, mostrando-lhe também a cicatriz de suas chagas, curou a chaga daquela falta de fé. Que pensais, irmãos caríssimos, de tudo isto? Pensais ter acontecido por acaso que aquele discípulo estivesse ausente naquela ocasião, que, ao voltar, ouvisse contar, que, ao ouvir, duvidasse, que, ao duvidar, apalpasse, e que, ao apalpar, acreditasse?

Nada disso aconteceu por acaso, mas por disposição da providência divina. A clemência do alto agiu de modo admirável a fim de que, ao apalpar as chagas do corpo de seu mestre, aquele discípulo que duvidara curasse as chagas da nossa falta de fé. A incredulidade de Tomé foi mais proveitosa para a nossa fé do que a fé dos discípulos que acreditaram logo. Pois, enquanto ele é reconduzido à fé porque pôde apalpar, o nosso espírito, pondo de lado toda dúvida, confirma-se na fé. Deste modo, o discípulo que duvidou e apalpou tornou-se testemunha da verdade da ressurreição.

Tomé apalpou e exclamou: Meu Senhor e meu Deus! Jesus lhe disse: Acreditaste, porque me viste? (Jo 20, 28-29). Ora, como diz o apóstolo Paulo: A fé é um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se vêem (Hb 11, 1). Logo, está claro que a fé é a prova daquelas realidades que não podem ser vistas. De fato, as coisas que podemos ver não são objeto de fé, e sim de conhecimento direto. Então, se Tomé viu e apalpou, por qual razão o Senhor lhe disse: Acreditaste, porque me viste? É que ele viu uma coisa e acreditou noutra. A divindade não podia ser vista por um mortal. Ele viu a humanidade de Jesus e proclamou a fé na sua divindade, exclamando: Meu Senhor e meu Deus! Por conseguinte, tendo visto, acreditou. Vendo um verdadeiro homem, proclamou que ele era Deus, a quem não podia ver.

Alegra-nos imensamente o que vem a seguir: Bem-aventurados os que creram sem ter visto (Jo 20, 29). Não resta dúvida de que esta frase se refere especialmente a nós. Pois não vimos o Senhor em sua humanidade, mas o possuímos em nosso espírito. É a nós que ela se refere, desde que as obras acompanhem nossa fé. Com efeito, quem crê verdadeiramente, realiza por suas ações a fé que professa. Mas, pelo contrário, a respeito daqueles que têm fé apenas de boca, eis o que diz São Paulo: Fazem profissão de conhecer a Deus, mas negam-no com a sua prática (Tt 1, 16). É o que leva também São Tiago a afirmar:A fé, sem obras, é morta (Tg 2, 26).

Das Homilias sobre os Evangelhos, de São Gregório Magno, Papa (Hom. 25, 7-9: PL 76, 1201-1202, séc. VI)

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Estamos de volta!!!

Saudações, povo católico!

Depois de quase um ano e meio, estou de volta às postagens… Precisei desse tempo voltar com força total, a Força do Céu!!!

Muita coisa aconteceu nesse tempo: nascimento de nossa filha, Consagração Total à Nossa Senhora, mudança de setor no trabalho… Mas Deus guiou todas as coisas e aqui estou, num momento abençoado da minha vida!

Quem quiser vir comigo, #partiu!!! E “vamos que vamos” com a Graça de Deus e o Amor de Maria!!

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200.000 visitas!!!

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Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, por estes 2 anos e 9 meses de vida do Blog Sacrifício Vivo e Santo!!! Tem sido muito bom evangelizar através deste meio…

Mas gostaria de agradecer, também, aos queridos leitores, pois alcançamos a maravilhosa marca de 200.000 visitas!!! De coração, muito obrigado!!!

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Orai sem cessar!!!

Um pequeno resumo/esquema da Liturgia das Horas…

“Orai sem cessar.” Este é o que diz o Apóstolo Paulo à igreja de Tessalônica, mas não só a ela. A Igreja Católica não cessa de elevar seus louvores a Deus Pai, por Jesus Cristo na unidade do Espírito Santo. O centro de toda a oração da Igreja é a Santa Missa, na qual Cristo oferece na pessoa do sacerdote a si próprio como oblação agradável a Deus, todavia, não resume a ela as preces públicas que dirige a Deus todos os dias.

A liturgia das horas, também chamada de Ofício Divino, é o conjunto das orações realizadas ao longo de todo o dia. O Breviário, livro que trás os textos dessa liturgia, reformado por decreto do Concílio Vaticano II, apresenta sete horas canônicas, sendo elas: Ofício das Leituras, Laudes, Terça, Sexta, Nona, Vésperas e Completas.

Atualmente o Breviário traduzido para o vernáculo para o Brasil é dividido em 4 volumes. O primeiro, tempo do Advento e Natal; o segundo, Quaresma e Páscoa; o terceiro e o quarto, primeira e segunda parte do tempo comum, respectivamente. Existe ainda à venda a versão de volume único que trás a oração das Laudes, Sexta, Vésperas e Completas.

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1. Estrutura da Liturgias das Horas

A estrutura de todas as horas é bastante parecida, embora cada uma delas possua elementos característicos. A seguir apresentamos um esquema em que cada coluna representa a estrutura de alguns horas canônicas, as linhas mescladas representam elementos comuns às horas em questão.

Laudes e Vésperas
Completas
Horas Médias
Ofiício das Leituras
Laudes é a oração da manhã, e vésperas a oração do entardecer. São as duas horas mais importantes da Liturgia das Horas, formando os polos do dia. Uma consagra o dia ao Senhor e a outra agradece pela jornada de trabalho.
Completas é a última das horas do dia, também a mais curta de todas. Agradece pelo dia, roga por uma noite tranquila e uma morte santa.
Mantém o ritmo de oração do longo da jornada de trabalho.
É a antiga hora noturna, que todavia pode ser rezada a qualquer momento do dia ou da noite. É a hora mais “didática” que além da salmodia, apresenta leituras bíblicas, da vida dos Santos e dos Padres da Igreja
Invocação
Todas as horas começam com um pequeno versículo, seguido do Gloria ao Pai e o Aleluia.
V/. Vinde, ó Deus em meu auxílio.
R/. Socorrei-me sem demora.
Gloria ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo
Como era no princípio agora e sempre. Amém. Aleluia.”
Durante o versículo, traça-se o sinal da cruz, ao glória ao pai faz-se inclinação profunda. O Aleluia se omite apenas no tempo da quaresma.
Laudes ou o Ofício das Leituras, conforme uma ou outra principie o dia de oração será iniciada, não como foi dito acima, mas com a oração chamada “inviatório” que consta do versículo:
V/. Abri, Senhor, os meus lábios.
R/. E minha boca anunciará vosso louvor”
E do salmo com respectiva antífona. O inviatório não é uma hora canônica, mas apenas um elemento que substitui a introdução da primeira hora rezada no dia.
Se recomenda um exame de consciência e um ato penitêncial conforme consta no apêndice do Breviário.
Hino
O Hino é uma pequena composição poética não-biblíca intimamente relacionado com o ofício que se celebra. Sua última estrofe é uma doxologia, na qual se rende glória à santissima trindade e deve-se fazer inclinação como que para o Gloria ao Pai.
Salmodia
A Salmodia é o centro das horas. Nela o Cristo reza ao Pai com aqueles mesmos textos que ele proferiu nas suas orações pessoais, com seus discípulos e mesmo quando pregado na cruz. A salmodia de toda as horas constam de três elementos. Todos os salmos ou cânticos possuem uma antífona que deve ser rezada antes e depois dele, antes de repetir a antífona, ao fim do salmo, se diz Gloria ao Pai, a não ser que as rubricas indiquem o contrário.
Em Laudes são dois salmos, intercalados por um cântico do antigo testamento. Em Vésperas são dois salmos, seguidos por um cântico do novo testamento.
Nas completas se diz apenas um salmo ou dois salmos curtos.
No ofício das leituras e nas horas médias são três salmos.
Leitura Breve
Terminada a salmodia, faz-se uma leitura breve. Diferentemente das leituras da missa, a leitura breve não possui qualquer introdução ou conclusão, “Leitura do Livro…” ou “Palavra do Senhor”.
Responsório Breve
Finda a leitura, reza-se um pequeno responsório que vem escrito no seguindo modelo no breviário:
R/. Cristo, Filho do Deus vivo,
* Tende pena e compaixão! R/. Cristo.
V/. Glorioso estais sentado, à direita de Deus Pai.
* Tende pena. Gloria ao Pai. R/. Cristo.”
E se reza da seguinte forma:
R/. Cristo, Filho do Deus vivo,
* Tende pena e compaixão!
R/. Cristo, Filho do Deus vivo,
* Tende pena e compaixão!
V/. Glorioso estais sentado, à direita de Deus Pai.
* Tende pena e compaixão!
Gloria ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
R/. Cristo, Filho do Deus vivo,
* Tende pena e compaixão!”
Versículo
V/. É eterna, ó Senhor vossa Palavra.
R/. De geração em geração vossa verdade.”
Em vez de responsório, as horas médias depois da leitura breve diz apenas um versículo.
No ofício das leituras esse versículo se diz no final da salmodia, antes de passar para as leituras longas.
Cântico Evangélico
Às primeiras palavras, faz-se o sinal da cruz. O cântico evangélico também possui antífona e Gloria ao Pai, como os salmos.
Leituras Longas e Responsórios Longos
As leituras longas possuem introdução mais simples que da missa do tipo “Do Livro do Profeta Isaías”, mas não conclusão. Ao fim de cada leitura longa se diz um responsório longo. A primeira leitura é sempre bíblica e a outra da vida de um santo, dos escritos de um dos padres da Igreja, um documento do magistério, etc.
O Cântico Evangélico para as Laudes é o Benedictus, cântico de Zacarias; para as Vésperas é o Mangificat, cântico de Nossa Senhora.
O Cântico Evangélico para as Completas é o Cântico de Simeão, Nunc Dimitis.
Preces ou Intercessões
Reza-se, então, as preces com as quais a Igreja intercede a Deus por todas as necessidades do mundo. Dizem-se as intenções que constam no Breviário, todavia pode-se acrescentar intenções particulares, contanto que se observe que a última intenção nas vésperas será sempre pelos falecidos. Nas vésperas pode-se dizer as preces mais breves conforme consta no apêndice.
Pai Nosso
O Pai Nosso se reza de manhã e à tarde, numa e outra hora. Com o Pai Nosso da Santa Missa, tem-se a oração do Senhor rezada solenemente três vezes ao dia. Como o da Santa Missa, o pai nosso da liturgia das horas também não tem “Amém”.
Te Deum
Após o segundo responsório longo se diz o hino Te Deum (“A vós o Deus, louvamos”), se for solenidade, festa ou domingo fora da quaresma e advento.
Oração
Para finalizar a hora se diz uma oração.
Não é precedida de “Oremus”. A conclusão da oração é a opção mais longa “Por Nosso Senhor Jesus Cristo…” ou similar.
Precedida de “Oremus” e terminada com a conclusão mais curta: “Por Cristo, Senhor Nosso” ou semelhante. Note que por vezes a oração é indicada para ser usada em todas as horas e, por padrão, vem com a conclusão menor, que deve ser substituida por sua respectiva semelhante menor.
Bênção
Na oração privada conclui-se traçando o sinal da cruz e dizendo “O senhor nos abençoe, nos livre de todo o mal…”. Se se reza com um sacerdote ele dará a bênção como na Missa: “O senhor esteja convosco”, “Abençoe-vos…” e ainda dirá a despedida.
Bênção
Traça-se o sinal da cruz sobre si dizendo “O Senhor todo poderoso nos conceda uma noite tranquila…”. Segue uma antífona de Nossa Senhora como a Salve Rainha.
Conclusão da Hora
Ao menos na celebração comunitária, se conclui dizendo:
V/. Bendigamos ao Senhor
R/. Demos Graças a Deus.”

 

Na falta do breviário, uma ótima opção para rezar a liturgia das horas é o site Liturgia das Horas, que disponibiliza o texto das horas segundo a tradução para o Brasil, atualizado durante o dia já com a hora a ser rezada; para rezar em Latim, o site Amudi disponibiliza o texto oficial.

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2. Ordinário, Próprio e Saltério

Toda a liturgia possui partes fixas e partes que variam de acordo com o ofício. No missal temos o Ordinário e o Próprio. Fazem parte do ordinário os ritos iniciais “Em nome do Pai…”, o ato penitencial, o Gloria, a Oração Eucarística, enfim, todas aquelas partes que se repetem invariavelmente em todas as missas, embora o Missal da forma ordinária traga uma enorme quantidade de opções para estas partes. O próprio é constituido pela oração do dia, leituras, salmo, evangelho, oração sobre as oferendas e depois da comunhão, todas aquelas partes que variam de acordo com o dia, o tempo.

No caso da liturgia das horas, vemos que existem poucas orações que são realmente do ordinário, como a introdução das horas, os cânticos evangélicos, o inviatório e as conclusões. Na liturgia das horas, o ordinário se caracteriza por ser um conjunto, não tanto de orações, mas de rubricas que explicam como rezar o ofício. Assim, a maior parte dos textos da liturgia das horas vem do próprio, que é o conjunto dos textos de cada tempo litúrgico, solenidade, festa, etc, mas diferentemente do missal, também do Saltério.

O Saltério é originalmente o conjunto dos salmos a serem ditos nas orações divididos em um ciclo de 4 semanas aos quais no Breviário se juntaram outras orações que passaram a ser ditas também no ciclo de 4 semanas. Por exemplo, nesta semana a liturgia das horas tem seus textos retirados da V Semana do Tempo Comum, bem como da I Semana do Saltério. Aquilo que será retirado do próprio e aquilo que será retirado do saltério varia de acordo com o tempo litúrgico; no tempo comum, a maior parte dos textos está no saltério, enquanto que na quaresma consideravel parte dos textos está no próprio.

Para as celebrações dos santos, existem dois esquemas. O primeiro mais completo se refere às solenidades e festas, nas quais tudo é feito como no próprio do santo e todos os demais textos são retirados do comum dos santos; lembrando que apenas as solenidades possuem I Vésperas no dia anterior.Nas solenidades, diz-se completas depois das I e II Vésperas, no dia anterior e no dia do santo, respectivamente. Nas festas nada se diz do santo nas completas.

O segundo, mais simples, se refere às memórias facultativas ou obrigatórias, se toma todos os textos do próprio do santo para Laudes, Vésperas e Ofício das Leituras, o que faltar é tomado do comum, com exceção dos salmos e suas antífonas que se dizem do saltério do dia corrente. Embora exista a possibilidade de não se recorrer ao comum no caso das memórias, mas simplesmente dizer os textos do saltério, essa opção parece bastante simplista e reduz a memória do santo à oração do fim do ofício ou a alguns poucos elementos do próprio do santo. Nas memórias nada se diz do Santo nas Horas Médias ou nas completas.

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3. Memória de Santa Maria no Sábado

A devoção à Nossa Senhora, particularmente celebrada no dia de sábado, é um costume antigo na Igreja. A forma extraordinária prevê que se diga Missa votiva de Nossa Senhora nos sábados durante todo o ano, salvo se o dia for impedido pelas rubricas. Na forma ordinária a devoção à Nossa Senhora neste dia ganhou uma organização um pouco diferente. Não se diz Missa votiva, mas faz-se memória facultativa. Para a liturgia da Santa Missa, isso não configura mudança significativa; para o ofício divino sim. Com a memória de Nossa Senhora, permite-se dizer Laudes e Ofício das Leituras com textos de Nossa Senhora, que o Breviário traz junto ao comum de Nossa Senhora. Não se diz Vésperas por que no sábado se rezam I Vésperas do Domingo e na Hora média não se diz nada das memórias dos santos.

4. Vigílias

Aqueles que desejarem nos domingos e solenidades celebrar uma vigília podem fazê-la prolongando o Ofício das Leituras. Ao fim das leituras longas e respectivos responsórios, diz-se os três cânticos com respetiva antífona que estão no apêndice do Breviário. Então faz-se a leitura do Evangelho conforme o mesmo apêndice. Por fim, diz-se o Te Deum, se for o caso, e conclui-se a hora como de costume.

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5. Celebração em comum

Toda a liturgia da Igreja não é ação particular, assim, embora se permita a oração privada da liturgia das horas, é desejável sempre que possível rezar de forma comunitária. A oração comunitária, todavia, não significa que tenha de ser presidida por um clérigo; os próprios leigos podem se reunir para rezar a oração na Igreja ou mesmo fora dela. Durante a celebração, permanecem em seus lugares na nave da igreja, aquele que guia a introdução, a oração e a conclusão da hora age como um entre os iguais. Não se sobe ao presbitério, exceto para as leituras longas e breves e as preces.

Observem-se as posições corporais. Todos ficam de pé do início até o fim do hino. Sentam-se para a salmodia e leituras com respectivos responsórios. Faz-se de pé ainda o cântico evangélico, as preces, o Pai Nosso, a oração final e a conclusão. Ao cântico evangélico se deve o mesmo respeito que para o Evangelho pronunciado na missa; ao início do mesmo traça-se o sinal da cruz. Nas vigílias se dizem os cânticos sentados e o evangelho se escuta de pé.

Este modelo de celebração, mais simples, é útil às comunidades sub-paroquiais, aos grupos de fieis que se reúnem para celebrar o ofício divino fora da igreja e também para as famílias que mantém o costume de se reunir para rezar algumas horas canônicas. No caso das igrejas matrizes e catedrais, cabe aos clérigos, seja o pároco, os cônegos ou mesmo o Bispo, convocarem e dirigirem a oração da comunidade, como diremos mais adiante.

O canto é um elemento fundamental da liturgia das horas, os salmos que constituem o núcleo dos ofícios são orações cantadas por sua própria natureza. E como diz Santo Agostinho “Quem canta bem, reza duas vezes”. Assim, seria bom que se preparasse para a oração comum um coro que pudesse auxiliar a assembleia a cantar a hora canônica em latim ou vernáculo. Nesse sentido, a IGLH oferece alguns elementos que podem facilitar a participação mais ativa dos presentes, como a possibilidade de cantar o salmo de forma responsorial, utilizando como resposta a própria antífona e repetindo-a a cada estrofe.

Em relação a quais horas rezar em comum, tenha-se sempre em mente a hierarquia de importância das diversas horas, cujo primeiro lugar pertence a Laudes e Vésperas. Todavia, quaisquer uma das horas podem ser rezadas em comum observando o momento de cada uma ao longo do dia.

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6. Celebração presidida por clérigo

Na celebração presidida por clérigo, ele dirigirá os ritos da cadeira presidencial. De lá, deve dizer o versículo inicial, fazer a introdução das preces e do Pai Nosso, a oração final e a conclusão. Em Laudes e Vésperas saudará, abençoará e despedirá o povo.

Para a celebração mais simples de qualquer uma das horas, o clérigo poderá vestir estola da cor do ofício sobre a sobrepeliz ou veste coral. Não há obrigatoriedade de procissão de entrada ou ministros que o sirvam.

Para a celebração mais solene das Laudes, Vésperas e Vigílias, o celebrante, presbítero ou Bispo, vai revestido de amito, alva, cíngulo, estola e pluvial. Pode ser assistido por diáconos que vestem-se como que para a missa, com dalmáticas. O celebrante em vez de alva, também poderia usar sobrepeliz, todavia essa seria uma opção menos solene, além do que os diáconos não podem endossar dalmática com sobrepeliz e, neste caso, seria bom que o celebrante também optasse por usar alva. Outros sacerdotes, de maneira particular os cônegos nas celebrações presididas pelo Bispo, podem também vestir-se com pluvial. Do contrário, participam da celebração com hábito coral próprio.

Pode-se realizar uma pequena procissão de entrada, bem como recessional. Para essas procissões se usam apenas duas velas. O Cerimonial dos Bispos não cita o incenso entre os elementos que compõem a procissão de entrada, todavia nas vésperas celebradas pelo Papa é comum que ele preceda a cruz, como na procissão de entrada da Missa. Atrás da cruz vão os acólitos, clérigos em vestes corais, diáconos, presbíteros e por fim aquele que preside. Se for Bispo, irá acompanhado por dois diáconos-assistentes, além dos acólitos-assistentes. Chegando ao altar, faz-se reverência profunda ou, se o santíssimo estiver ali fazem genuflexão. Aquele que preside e os diáconos que o assistem podem beijar o altar, mas não se faz incensação no início da celebração.

Realiza-se a celebração como já ficou descrito anteriormente, de acordo com a estrutura de cada uma das horas canônicas. O Bispo recebe a mitra quando está sentado e a depõe quando está de pé, exceto para a homilia e bênção final. O báculo se usa para uma eventual homilia e para a bênção; e, nas Vigílias, para ouvir a leitura do Evangelho e o Te Deum.

Na celebração das Laudes e Vésperas, durante a antífona do cântico evangélico, o celebrante deita incenso no turíbulo e o abençoa. Então se benze, como todos os demais. Incensa-se a cruz, o altar, o sacerdote e o povo, como na Santa Missa. Embora seja descrito como um rito a ser cumprido por aquele que preside, é comum nas celebrações pontifícias que este rito seja cumprido integralmente por um diácono. Na celebração das Vigílias de modo solene, pode-se realizar a leitura do evangelho como na Santa Missa: com bênção do incenso, oração à frente do altar ou a bênção ao diácono.

Um inconveniente deste tipo de celebração é que não existem lecionários para serem usados na liturgia das horas ou mesmo um livro para o celebrante. Devendo os textos ser retirados do livro pessoal, o Breviário.

Fonte: Salvem a Liturgia! (http://www.salvemaliturgia.com/)

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Cristo veio para nos salvar!

“Cristo não veio para nos ensinar boas maneiras… Para isto, não era necessário que Ele morrese na Cruz!! Cristo veio para nos salvar!!”

“Ser santo não é um luxo… Mas uma necessidade!”

Palavras do Santo Padre na Santa Missa com os novos Cardeais (23/02/2014)

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Oração para os dias de Carnaval

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Meu Jesus, que sobre a Cruz perdoastes aqueles que nela Vos chegaram, e desculpastes diante de Vosso Pai o seu delito; Vós que da Cruz lançastes um olhar de piedade ao ladrão que expirava sobre o patíbulo e o convertestes e salvastes; Vós que entre as agonias da morte declarastes ter ainda sede de padecimentos para tornar mais copiosa a universal Redenção, tende piedade de tantos infelizes que, seduzidos pelo espírito da mentira nestes dias de falsos prazeres e de escandalosa dissipação, correm risco de se perder.

Ah! pelos méritos de Vosso preciosíssimo Sangue e da Vossa morte não os abandoneis como merecem nem permitais que fique sem remédio o miserável estado em que se vão precipitar. Reservai para eles um dia de misericórdia e de salvação. Vós que a Pedro estendestes prontamente a mão para sustentá-lo, quando submergia, socorrei também a estes infelizes que estão para cair no abismo infernal; acordai-os, sacudi-os, iluminai-os, convertei-os e salvai-os.

Tende, pois, sempre firme sobre nós a Vossa destra, para que nunca sejamos seduzidos por tantos escândalos que nos rodeiam; pelo contrário, a semelhança de José, de Tobias, que, vivendo num ambiente supersticioso, nunca se afastaram da verdade e da justiça, mereçamos nós o Vosso amor, ao passo que outros provocam o Vosso desdém e nos apliquemos nos exercícios de piedade enquanto que ela é esquecida pelos ingratos filhos do século que terão de chorar para sempre a sua atual estultícia.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

Oração retirada do livreto: Venha a nós o Vosso Reino, Manual de Piedade para as Alunas das Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus, 1959, com imprimatur.

Fonte: Almas Devotas

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