Filho de Júlio e Maria Dabroska, Maximiliano Kolbe nasce em Zdunska Wola, na Polônia, a 8 de janeiro de 1864. No batismo, recebe o nome de Raimundo. É o segundo de cinco filhos.
Em 1907, Raimundo e seu irmão mais velho, Francisco, entram no Seminário Menor dos Franciscanos Conventuais, em Leópolis.
Na escola, gostava de matemática, de ciências e de estratégias militares. Xadrez era seu jogo preferido. Chegou a desenvolver projetos de foguetes, montava rádios e outros aparelhos. Mas, com o início da guerra, descobre que seu pai decide combater contra os russos. Em 1919, terá a confirmação que este morrera na guerra.
Como o pai, Raimundo sonha em defender a Polônia, quer lutar pela pátria, defender seus irmãos. E, antes de entrar no noviciado, em 1910, tem uma crise vocacional. Esta dúvida o persegue, a tal ponto que decide não somente abandonar a Ordem Franciscana, mas convence Francisco, seu irmão, a ir com ele. Estavam prontos para conversar com o reitor, quando ambos recebem uma visita inesperada. Era Maria Dabroska, que contava para os filhos que também ela entraria no convento. Eles optam pela vida consagrada e, a partir deste dia, Maximiliano canaliza suas forças e estratégias militares para “conquistar” almas para o reino de Deus.
No dia primeiro de novembro de 1914, ele se consagra totalmente a Deus. Aos 20 anos de idade, Maximiliano recebe o grau de doutor em Filosofia.
Na noite de 16 de outubro de 1917, junto com mais seis confrades, cria a Milícia da Imaculada. É ordenado sacerdote, em 28 de abril de 1918, e conclui seu segundo doutorado, este em Teologia, em 1919.
De volta para a Polônia, o filho de Júlio e Maria Dabroska será chamado e conhecido como Padre Maximiliano Kolbe. Tuberculoso, é enviado a dar aulas no Seminário Franciscano de Cracóvia, mas não consegue falar com voz alta durante muito tempo, portanto, é transferido para atender as confissões. Nas crises da doença, é enviado para uma casa de recuperação, na cidade de Zakopane.
Em 1927, após uma conversa com o príncipe João Drucki-Lubecki, Maximiliano ganha um terreno em Teresin, fora de Varsóvia, próximo da principal rede ferroviária, e inicia a construção da Cidade da Imaculada, mais conhecida como Niepokalanów. Era dia primeiro de outubro.
No dia primeiro de setembro de 1939, a Alemanha declara guerra à Polônia. Após 18 dias, os nazistas confiscam a Cidade da Imaculada e prendem Padre Maximiliano e outros franciscanos. Estes permanecem quase 80 dias detidos, sucessivamente, nos campos de concentração de Lamsdorf, Amtitz e Ostrzeszów. Retornam à cidade-convento no dia 10 de dezembro.
No dia 17 de fevereiro de 1941, a Gestapo retorna a Niepokalanów e prende mais uma vez Maximiliano Kolbe. Este é enviado ao presídio de Pawiak, em Varsóvia.
No dia 28 de maio, é transferido para o campo de concentração de Auschwitz e se torna o número 16.670.
Morre no dia 14 de agosto de 1941, com uma injeção de ácido fênico aplicada no braço, após ter passado 15 dias no bunker da fome, depois de ter se oferecido para morrer no lugar de um pai de família.
Padre Maximiliano foi beatificado no dia 17 de outubro de 1971, pelo Papa Paulo VI, e canonizado pelo Papa João Paulo II, no dia 10 de outubro de 1982.
E, como homenagem a este santo de Deus, devotíssimo da Virgem Imaculada, trazemos trechos de uma de suas cartas, as quais demonstram seu zelo apostólico.
Segue o texto:
Do zelo apostólico que se deve ter ao procurar a salvação e santificação das almas
Muito me alegra, caro irmão, o zelo que te inflama na promoção da glória de Deus. Pois observamos com tristeza, em nossos tempos, não só entre os leigos mas também entre os religiosos, a doença quase epidêmica que se chama indiferentismo, que se propaga de várias formas. Ora, como Deus é digno de infinita glória, nosso primeiro e mais importante ideal deve ser, com nossas exíguas forças, lhe darmos o máximo de glória, embora nunca possamos dar quanto de nós, pobres peregrinos, ele merece.
Como a glória de Deus resplandece principalmente na salvação das almas que Cristo remiu com seu próprio sangue, o desejo mais elevado da vida apostólica será procurar a salvação e santificação do maior número possível. E quero brevemente dizer-te qual o melhor caminho para este fim, isto é, para conseguir a glória divina e a santificação de muitas almas. Deus, ciência e sabedoria infinita, sabendo o que, de nossa parte, mais contribui para aumentar sua glória, manifesta-nos a sua vontade sobretudo pelos seus ministros na terra.
É a obediência, e ela só, que nos indica a vontade de Deus com evidência. O superior pode errar, mas não é possível que nós, ao seguirmos a obediência, sejamos levados ao erro. Só poderia haver uma exceção se o superior mandasse algo que incluísse – mesmo em grau mínimo – uma violação da lei divina; pois, neste caso, o superior não seria fiel intérprete de Deus.
Só Deus é infinito, sapientíssimo, santíssimo e clementíssimo, Senhor, Criador e Pai nosso, princípio e fim, sabedoria, poder e amor; tudo isso é Deus. Tudo que não seja Deus só vale enquanto se refere a ele, Criador de tudo e Redentor dos homens, último fim de toda a criação. É ele que nos manifesta a sua adorável vontade por meio daqueles que o representam, e nos atrai a si, querendo, deste modo, atrair por nós outras almas, unindo-as a si em amor cada vez mais perfeito.
Vê, irmão, quão grande é, pela misericórdia divina, a dignidade de nossa condição! Pela obediência com que ultrapassamos os limites de nossa pequenez e conformamo-nos à vontade divina, que nos dirige com sua infinita sabedoria e prudência, a fim de agirmos com retidão. Pode-se até dizer que, seguindo assim a vontade de Deus à qual nenhuma criatura pode resistir, nos tornamos mais fortes que tudo.
Esta é a vereda da sabedoria e da prudência, este é o único caminho pelo qual possamos dar a Deus maior glória. Pois, se existisse caminho diferente e mais alto, certamente Cristo no-lo teria manifestado com sua doutrina e exemplo. Ora, a divina Escritura resumiu a sua longa permanência em Nazaré com estas palavras: E era-lhes submisso (Lc 2,51), como nos indicou toda a sua vida ulterior sob o signo da obediência, mostrando que desceu à terra para fazer a vontade do Pai.
Amemos por isso, irmão, amemos sumamente o amantíssimo Pai celeste, e deste amor seja prova a nossa obediência, exercida em grau supremo quando nos exige o sacrifício da própria vontade. Não conhecemos, para progredir no amor a Deus, livro mais sublime que Jesus Cristo crucificado.
Tudo isso conseguiremos mais facilmente pela Virgem Imaculada, a quem a bondade de Deus confiou os tesouros da sua misericórdia. Pois não há dúvida que a vontade de Maria seja para nós a própria vontade de Deus. E, quando nos dedicamos a ela, tornamo-nos em suas mãos como instrumentos, como ela própria, nas mãos de Deus. Portanto, deixemo-nos dirigir por ela, ser conduzidos por ela, e sejamos calmos e seguros por ela guiados: pois cuidará de nós, tudo proverá e há de socorrer-nos prontamente nas necessidades do corpo e da alma, afastando nossas dificuldades e angústias.
Das Cartas de São Maximiliano Maria Kolbe (O. Joachim Roman Bar, O.F.M. Conv., ed. Wybór Pism, Warszawa 1973, 41-42;226, séc. XX)
Fonte: Milícia da Imaculada (http://www.miliciadaimaculada.org.br/)