“Oh, Maria Madalena, padroeira de União, sede nossa defensora, sede nossa proteção… Assim como os pés ungistes, do Divino Salvador, nós também arrependidos, adoramos ao Senhor! E Lhe rogamos, contritos, que nossas culpas perdoe, e da Sua eterna glória, os Seus filhos abençoe. (…) Pedi a vosso Jesus, fonte perene do bem, que, como salvou à vós, assim nos salve também!”
Estes são os versos do hino da padroeira de União dos Palmares, cidade onde nasci e cresci. Versos os quais são cantados todo mês de janeiro, mês da festa de Santa Maria Madalena, e que expressam bem a devoção do povo.
Um povo que, assim como Santa Maria Madalena, se coloca aos pés de Jesus, arrependido, para louvar ao “Raboni”, lavando-lhes os pés com nossas lágrimas.
Mas quem foi, de fato, Santa Maria Madalena?!
Maria teria nascido em Magdala, daí o nome Magdalena, ou apenas, Madalena.
No Evangelho segundo Mateus ela é mencionada diretamente duas vezes. Em Mt 27, 56, na cena da crucificação, é a primeira a ser nomeada entre as mulheres que acompanhavam Jesus desde a Galiléia, e em Mt. 28,1, no relato da ressurreição, ocasião em que Jesus aparece às mulheres e ordena que dêem a notícia aos apóstolos e que estes sigam até a Galiléia, é novamente lembrada em primeiro lugar: “Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro”.
Marcos se refere a ela quatro vezes. Na cena da crucificação, em Mc 15, 40-41, ela é mais uma vez identificada como parte do grupo de mulheres que seguiam a Jesus desde a Galiléia e é citada, também, em primeiro lugar: “Estavam também ali algumas mulheres, observando de longe; entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé”. Um pouco mais à frente, em Mc 15, 47, ela é apontada como testemunha do sepultamento: “Ora, Maria Madalena, e Maria, mãe de José, observaram onde ele foi posto.” O relato da ressurreição segundo o Evangelho de Marcos é o que dá mais importância a Madalena. Ela é destacada duas vezes: em Mc 16, 1, ela aparece indo comprar aromas com outras mulheres para embalsamar Jesus; e em Mc 16, 9 afirma-se: “Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual expelira sete demônios.”
O Evangelho segundo Lucas faz alusões diretas e indiretas a Maria Madalena. Em Lc 8,2-3 ela é mencionada como uma das mulheres que seguiam a Jesus; dela “saíram sete demônios”; e, junto a outras mulheres, prestava assistência a Cristo com os seus bens. Em Lc 23, nos relatos da morte e sepultamento de Jesus, ela figura como uma das discípulas que o acompanhavam desde a Galiléia, primeiro assistindo a crucificação e, depois, preparando aromas e bálsamos para ungir o corpo do mestre. Por fim, em Lc 24, 10, Madalena é a primeira a ser enumerada entre as mulheres que vão levar as boas novas da ressurreição: “Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago; também as demais que estavam com elas confirmaram estas coisas aos apóstolos”.
É só no Evangelho segundo João que Madalena não é nomeada em primeiro lugar dentre aquelas que assistem a crucificação de Jesus: “E junto à cruz estavam a mãe de Jesus, e a irmã dela, Maria, mulher de Cleopas, e Maria Madalena” (Jo 19,25). Na segunda vez em que é citada, em Jo 20, 1, Madalena vai ao sepulcro de madrugada e encontra a pedra que o fechava revolvida, indo avisar o acontecido a dois discípulos. Ou seja, ela é a protagonista do relato presente em Jo 20, 11-18, quando, sozinha, chorando ao pé do túmulo, primeiro vê dois anjos e depois o próprio Jesus, que conversa com ela.
Existe ainda a tradição de que Santa Maria Madalena foi, juntamente com a Virgem Maria e o apóstolo João, evangelizar em Éfeso (hoje Turquia), onde veio a falecer.
De tudo isto, o que retiramos?
Fé!
Maria Madalena acreditou, com seu coração, que aquele homem, Jesus Cristo, era o seu caminho. A Ele, entregou-lhe sua vida, com todas as suas dores, deficiências, pecados… E deixou-se guiar pelo seu “Raboni” (Mestre).
Diferentemente do que dizem, Santa Maria Madalena nunca foi prostituta, mas apenas uma mulher, com defeitos e pecados (espíritos impuros), mas que serve de exemplo de entrega de vida a Deus.
Por tudo isto, rogamo-lhes:
“Santa Maria Madalena, vós que ouvistes da boca de Jesus estas palavras: ‘Muito lhe foi perdoado porque muito amou… Vai em paz, os teus pecados estão perdoados’, alcançai-me de Deus o perdão dos meus erros e pecados, deixai-me participar do ardente amor que inflamou o vosso coração, para que eu seja capaz de seguir a Cristo até o Calvário, se for preciso, e assim, mais cedo ou mais tarde, tenha a felicidade de abraçar e beijar os pés do divino Mestre. Como Jesus ressuscitado vos chamou pelo nome: ‘Maria!’, Ele chame também pelo meu nome… e eu nunca mais me desvie do Seu amor, com recaídas nos erros do meu passado.
Santa Maria Madalena, eu vos peço esta graça, por Cristo Nosso Senhor.
Amém.”