Fundada em 14 de Setembro de 1524, na Festa de Exaltação da Santa Cruz, a Ordem dos Clérigos Regulares da Divina Providência (CR), mais conhecida como Teatinos ou Caetanos, é obra da inspiração de São Caetano de Thiene, junto com os companheiros Bonifácio de Colli, Paulo Cansiglieri e o bispo Dom João Pedro Carafa.
São Caetano nasceu em 1480, em Vicenza, de pais ilustres e virtuosos. Logo após o batismo, foi a criança, pela mãe oferecida e consagrada à Santíssima Virgem. Não ficou sem efeito a oração de sua mãe.
Desde pequeno Caetano mostrava grande amor à oração e a obras de caridade. Exemplar em tudo, era entre os companheiros de infância chamado “o Santo”.
Mais tarde fez os estudos, doutorou-se em direito civil e eclesiástico e do Papa Júlio II recebeu a ordenação sacerdotal. Morto este Papa, Caetano voltou à sua terra e dedicou-se quase exclusivamente ao serviço hospitalar. Sua única ambição era salvar almas. O povo dizia: “Caetano no altar é Anjo, no púlpito Apóstolo”. Não perdia uma ocasião de conduzir almas a Deus Nosso Senhor, o que lhe importou o apelido de “Caçador de almas”.
Na segunda viagem a Roma, fundou, com três companheiros, a nova Ordem, cujo plano era: “A santificação própria, combater a tibieza e ignorância entre o clero, regenerar os costumes da sociedade, observar escrupulosamente as cerimônias litúrgicas, restabelecer o respeito e reverência na casa de Deus, exterminar as heresias e assistir aos doentes moribundos; numa palavra: praticar a verdadeira ação apostólica.”
Os companheiros co-fundadores da Ordem, foram:
– Bonifácio de Colli: sacerdote do Oratório, reunia qualidades semelhantes a do seu amigo Caetano. Amabilidade, serenidade e doçura, faziam dele um homem repleto do amor de Deus.
– Paulo Consiglieri: pertencia à família Consiglieri, da qual sairia mais tarde o Papa São Pio V (Antônio Consiglieri).
– João Pedro Carafa: bispo da Igreja, dotado de habilidades diplomáticas e prestígio incomparável. Os Papas lhe confiaram diversas missões, dentre as quais, os planos de reforma empreendidas pela cúria romana. A urgência de levar a Igreja a uma transformação radical e necessária foi que levou-o a conhecer o belo projeto de São Caetano, a quem humildemente pediu admissão como companheiro na Ordem. Trinta anos depois, veio a assumir o trono pontifício com o nome de Paulo IV, em cujo pontificado permaneceu de 1555 a 1559.
Aos religiosos de sua Ordem, São Caetano deu uma regra, que os obrigava à perfeita pobreza, proibindo-lhes não só de aceitar a mínima recompensa pelos trabalhos, mas vedando-lhes até de pedir esmola.
Por mais rigoroso que isto o parecesse, houve muitos que pediram ser aceitos como membros da nova Ordem. A primeira casa foi fundada em Roma. Um ano depois a invasão do Exército Imperial fê-los sair da Cidade Eterna. Uma segunda casa foi fundada em Nápoles. Devido à intervenção enérgica de Caetano, a heresia luterana não conseguiu tomar pé naquela cidade.
Apóstolo do bem, era Caetano de extremo rigor contra si mesmo. A vida era-lhe o jejum contínuo, uma penitência sem fim. Verdade é que, nisto não lhe consistindo a santidade, Deus o distinguiu com privilégios e dons extraordinários. Muitas vezes teve aparições de Nossa Senhora, das quais a memorável foi a da noite de Natal, em que Maria Santíssima se dignou apresentar-lhe o Divino Infante. Contam-se às centenas as curas maravilhosas feitas pela oração do santo servo de Deus. Em muitas ocasiões predisse o futuro, com uma certeza tal, que não deixou dúvida de tê-la recebido diretamente de Deus.
A série de obras de caridade para com o próximo quis Caetano rematá-lo com uma, que lhe mereceu a gratidão do povo de Nápoles. As autoridades civis e eclesiásticas de Nápoles tinham resolvido estabelecer o tribunal da Inquisição, para ter uma arma forte contra a heresia que vinha da Alemanha. O povo se opôs a esta ideia e a tal ponto chegou sua excitação, que era para se recear um levantamento geral. Os homens mais influentes em vão se esforçavam para tranqüilizar a população. São Caetano, prevendo o enorme prejuízo que daí resultaria para as almas, ofereceu sua vida a Deus, pedindo-lhe que a aceitasse, para que fosse conservada a paz e concórdia entre o povo e as autoridades. Deus aceitou o sacrifício. Caetano adoeceu gravemente e morreu. Imediatamente amainou a tempestade e os espíritos se acalmaram, fato que todos atribuíram à intervenção do Santo.
As últimas palavras que disse foram: “Não há outro caminho para o céu, a não ser o da inocência e o da penitência. Quem abandonou o primeiro, tem de trilhar o segundo”. São Caetano morreu em 1547.
Reflexões
A vida de São Caetano, vivida através da pureza e penitência, apresenta ainda outras coisas à nossa consideração, por exemplo, o desapego dos bens terrestres e a confiança ilimitada na Divina Providência. O mal de muita gente é uma preocupação exagerada com as coisas do mundo. Com receio de experimentar prejuízo, não se dão à pena de rezar de manhã e de noite, de ouvir a santa Missa. A atenção está concentrada num ponto só: ganhar dinheiro. Que sem a bênção de Deus nada conseguem, é uma circunstância de que não se lembram. Não devemos pertencer a essa classe de gente. A nossa confiança deve estar em Deus, que veste os lírios do campo e dá alimento às aves do céu. Procuremos primeiro o reino dos céus e tudo o mais nos será dado por acréscimo.
Para maiores informações sobre os Teatinos, acesse o site Teatinos no Brasil.